Quando os macacos se apaixonam é o título do novo livro do George Stilwell, publicado pela Esfera dos Livros e a ser lançado dia 2 de fevereiro às 18.30h na FNAC de Chiado.
Category: Uncategorized
Quem fala com os consumidores?
Aproveito para trazer para Animalogos uma pergunta que coloquei ao Mateus Paranhos da Costa (etologo e zootécnico de São Paulo, conhecido sobretudo pelo seu trabalho com gado bovino e com os produtores e tratadores deste gado) numa discussão no simpósio Animais na Ciência:
Há no mundo um crescente classe média, sobretudo nas economias emergentes como Brasil, India e China, que com condições económicas melhores desenvolve padrões de consumo diferentes. Concretamente, para o que interessa neste contexto, quer comer mais carne.
Face a esta procura crescente, cresce também a produção animal intensiva, ou intensifica-se a produção animal.
Sabemos todos que há problemas com a produção intensiva em termos de bem-estar animal e em termos ambientais.
Perante isto, é suficiente que nós – os profissionais na área de bem-estar animal – trabalhemos junto dos produtores para tentar melhorar as condições dos animais? Não precisamos também de trabalhar com, ou dirigir-nos a, os consumidores, dialogando, explicando que enquanto continuarmos a querer carne barata para todos os almoços e jantares, então será este tipo de produção que vamos ter?
Daquela maneira que muitas vezes acontece nas sessões de perguntas nos congressos, a questão acabou por não ser verdadeiramente discutida. E eu continuo a interrogar-me, como profissional.
O que acham?
O Bem e o Belo em contexto natural
Animalogar em Brasília
No sítio do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) pode-se ouvir um resumo de uma palestra que fiz em setembro de 2011, no contexto do simpósio Animais na Ciência organizado pelo CFMV em conjunto com o IX Congresso Brasileiro de Bioética.
É um grande privilégio receber um convite profissional para ir a uma cidade que é um fenómeno em si, mas que provavelmente poucas pessoas (fora dos aficionados pela arquitectura e os brasileiros em missão pessoal de cultura geral) escolhem visitar como turistas.
Outro enorme privilégio é a possibilidade de comunicar além fronteiras e de ficar a conhecer um pouco como no Brasil se organiza profissionalmente e quais são as preocupações num contexto animal muito diferente. O próprio CFMV é aqui uma entidade interessante, um pouco diferente do que conheço do Portugal. Penso que o que mais se aproxima são as Ordens profissionais em Portugal, mas com a diferença que no Brasil são muito mais as profissões que têm um Conselho Federal.
Concretamente, o CFMV organiza não só os médicos veterinários mas também os zootécnicos. Com a grande proximidade e complementaridade que estas duas profissões devem ter, junta-las na mesma entidade profissional parece-me uma decisão muito sensata. Em conjunto formam uma entidade com algum peso e com recursos financeiros para desenvolver actividades relevantes, alguns ao nível central mas muitos (como tem que ser num país da dimensão do Brasil) regionais.
Do sítio do CFMV que é bem organizado e contém muita informação, destaco a Comissão de Ética, Bioética e Bem-Estar Animal e a Revista CFMV que pode ser descarregada em formato pdf tanto da edição mais recente como edições anteriores.
Comércio ilegal de animais
Trabalho realizado por:
Tiago Cardão, Francisco Ventura, Carlos Dias e Juliana Pego.
Alunos de Medicina Veterinária, EUVG – Coimbra.
Grande parte dos animais traficados provém de regiões em desenvolvimento (América Latina, Ásia, África e Europa Oriental) sendo os mesmos (ou as suas carcaças) transportados para regiões mais ricas, como a Europa e América do Norte. O mercado negro asiático e africano, em conjunto, colocam em perigo mais de 7 mil espécies selvagens. A Ásia tem um papel de destaque no mercado negro de animais pela extensão, diversidade e peso económico do mesmo (Hong Kong é o centro mundial de compra e venda de peles de várias espécies). Não é também alheio o uso de animais (é o caso do urso), órgãos ou tecidos com fins terapêuticos na Medicina Tradicional Chinesa, estando os seus resultados por vezes relacionados com o tratamento aplicado ao produto animal antes de utilizado pelo consumidor final e sendo perfeitamente substituíveis por componentes sintécticos ou herbais mais eficazes e precisos.

Em África, esse mercado negro fomenta a captura e venda de animais selvagens para alimentação das populações, exportando essencialmente peças decorativas (como peças em marfim do elefante africano), acessórios de moda, produtos para a indústria farmacêutica e cosmética. Verifica-se ainda uma procura crescente de animais exóticos e selvagens como animais de companhia.
Este tipo de mercado exite em vários pontos do globo, não só na China ou em África (em particular na África do Sul), mas também na América do Sul, na Austrália e em vários países europeus. Muitos destes mercados estão relacionados não só com o tráfico de animais, mantendo-se também associados ao comércio internacional de drogas, armas, álcool e pedras preciosas, muitas vezes havendo mesmo rotas cruzadas.
Várias estratégias podem ser aplicadas na luta contra este tráfico de animais, tais como: formação de brigadas anti-caça furtiva; criação de parques e reservas naturais (criando-se assim postos de trabalho com rendimentos melhores, incentivando as populações “praticantes” da caça ilegal ao seu abandono); controlo em aeroportos e portos; inspecção a lojas de animais (para detecção de espécies exóticas que não sejam permitidas comercializar) e campanhas de apelo / alerta junto das comunidades, com principal destaque para o sector turístico, informando os potenciais compradores de artesanato feito à base de animais protegidos sobre a proveniência de tais produtos, bem como dos métodos de abate utilizados, salientando ainda que, ao comprar esses produtos, estariam a compactuar com o comércio ilegal de animais.
Cabe-nos ainda a nós, cidadãos comuns, alertar as entidades competentes para qualquer situação anómala. Contudo, o mercado ilegal de animais e produtos derivados destes continua a criar fortunas e a destruir ecossistemas, levando a que nos interroguemos se estas medidas referidas estão ser verdadeiramente eficazes ou se, pelo contrário, será necessário um controlo mais apertado por parte das entidades competentes? E o que nos garante que muitas vezes este assunto não seja negligenciado por parte dos agentes de fiscalização e controlo ?
Ó seu zoocêntrico!
![]() |
| O Modelo Heliocêntrico de Copérnico (esq.) e o modelo Geocêntrico (dir), vigente no Séc. XVI (Fonte) |
![]() |
| Capa do “The Expanding Circle”, de Peter Singer, onde o autor defende a ampliação do nosso círculo de consideração moral para incluir os animais senciente. |
Por isso, se insistimos em falar em centrismos, e em tentar encontrar um em que podemos inserir Singer e Regan, o melhor termo será provavelmente senciocentrismo.
O CNECV pronuncia-se sobre a Ética da Experimentação Animal
Tendo a experimentação animal por objectivo o benefício da humanidade e estando os “custos éticos” deslocalizados para outras espécies – habitualmente fora da esfera de consideração do CNECV – tem este parecer especial relevância, uma vez que, a par com o anterior parecer acerca da biologia sintética, vem alargar a esfera de intervenção do CNECV para outros domínios da “nova” bioética, que abarcam dilemas éticos noutros ramos das Ciências da Vida com consequências ambientais e sociais, como a Ética Animal.
Segundo o CNECV, este parecer foi suscitado pela “crescente consciencialização da generalidade dos cidadãos acerca do valor de que se revestem todas as suas formas de vida e especificamente a vida animal, bem como da responsabilidade que assiste à sociedade na sua protecção“. É ainda reconhecida a pertinência deste parecer, no contexto da publicação da Resolução da AR n.º 96/2010 para criação de uma rede nacional de biotérios e promoção dos 3Rs; e do actual momento, em que Portugal se prepara para transcrever para a legislação nacional a Directiva Europeia que regula o uso de animais para fins científicos.
![]() |
| Murganho com um gene que afecta o crescimento do pêlo suprimido (esq.) junto a um congénere normal (Fonte) |
A justificação da experimentação animal é desde logo reconhecida na nota introdutória, sendo este uso de animais referido como o “que suscita mais e melhores argumentos para manter inalterável um amplo e fácil acesso à utilização de animais”. No entanto, consideram ser também o que, “em termos gerais, pode causar mais elevados níveis de dor, sofrimento, desconforto, prejuízo e eliminação de animais”.
![]() |
| Uma representação do papel dos 3Rs na melhoria do paradigma da experimentação animal (Fonte: FRAME) |
* A mais recente legislação portuguesa (de 2007) permite a interrupção voluntária da gravidez por escolha da mulher apenas até às 12 semanas, e em caso de malformação grave até às 24 semanas, estando a partir daí (o que inclui o 3º trimestre) todos os fetos viáveis protegidos por lei. Ademais, a directiva não proíbe o uso de formas fetais, mas apenas inclui estas na sua regulamentação. O comentário exposto pela CNECV, assim, parece ser mais uma constatação, em abstracto, do existente contraste entre a crescente protecção da vida pré-natal animal, face à diminuição dessa protecção nos fetos humanos.
Debate: leite espanhol abaixo do preço do produtor no Continente
Por George Stilwell
A cadeia CONTINENTE está a vender embalagem de 1,5 litros de leite espanhol a 0,78 € sobre o qual incide o desconto em cartão de 75%, ou seja, está a vender leite espanhol a 0,13 € por litro. Esta atitude poderá levar à falência muitas empresas familiares de produtores de leite, muitos deles já a viver momentos muito difíceis devido ao elevado preço dos factores de produção e ao baixo preço pago pelas empresas de lacticínios. Se o Continente quer atrair clientes – mesmo que a custa de algum prejuízo – que tenha a coragem (e coerência) de o fazer enquanto ajuda Portugal e a agricultura portuguesa.









