In memoriam: Jaak Panksepp – O cientista que fazia os ratos rir

Deixou-nos aos 73 anos o neurocientista de origem estónia Jaak Panksepp, que se dedicou ao estudo do que chamou “neurociência afectiva”, focada na base neuronal das emoções. Estava previsto ser key-note speaker do próximo congresso da UFAW e queria muito ouvir a sua apresentação. Infelizmente, já não será possível.

O seu trabalho teve impacto considerável na ciência do bem-estar animal (era Baily Endowed Chair of Animal Well-Being Science, uma cátedra da Universidade de Washington), tendo sido uma grande referência para cientistas como Temple Grandin. 

Panksepp propôs que o instinto para brincar é comum nos juvenis de muitos mamíferos – incluindo os ratos –  por ser impulsionado pelas partes mais primitivas do cérebro, ao invés do córtex cerebral. E para que a motivação para brincar se tenha conservado longo de milhões de anos – não obstante o maior risco de expor os juvenis a predadores – é porque a mesma confere importante vantagens evolutivas, como as competências sociais, como explicado neste vídeo animado. Assim, Panksepp urge-nos a deixar as crianças brincar, tanto quanto possível, se queremos que tenham saúde mental e sucesso como adultos.

O estranho caso do homem-cabra

Esta é a estranha estória de Thomas Thwaites, o designer britânico que se fartou de todas as complexidades inerentes a ser um humano, e procurou durante um ano desenvolver uma forma de se deslocar como uma cabra, e que lhe permitisse co-existir num prado com demais cabras.

Thomas Thwaites, o “Homem-Cabra”, faz amizade com uma “congénere”.
A ideia surgiu-lhe quando fazia pet-sitting de cães. Então desempregado e vivendo com o pai, pensou no quão maravilhoso seria poder viver como um animal (não-humano) durante algum tempo, sem preocupações. Mas enquanto muitos de nós já pensamos de forma hipotética como seria ser um animal, Thwaites decidiu mesmo levar essa idea em frente.
Estranho? Sem dúvida. Mas fica ainda mais estranho. A ideia de se “tornar” uma cabra veio, segundo Thwaites, de uma “xamã”, que o aconselhou a não se tornar um elefante, a sua ideia original. Ainda mais estranho é ter recebido financiamento do Wellcome Trust para esta empreitada. 

Com a ajuda de especialistas em distintas áreas, eventualmente conseguiu fazer patas prostéticas que lhe permitiam deslocar, tão próximo quanto possível, como uma cabra, e conseguiu que um proprietário suíço lhe permitisse pastar junto das suas cabras durante três dias, nos alpes. 
Entendo toda a ideia de juntar design, ciência e arte, mas, correndo o risco de ser visto como pouco sofisticado, acho que há projectos muito mais meritórios do dinheiro do Wellcome Trust que este bizarro projecto que, segundo o autor, não fica por aqui, uma vez que procura uma maneira de deslocar o seu campo de visão para se assemelhar ao das cabras, bem como arranjar forma de digerir ervas. Até agora, apenas as consegue reunir num saco e comê-las depois de cozidas, à noite (!). 
Por mais que o autor considere que se pode aprender mais sobre o modo de pensar e o comportamento destes animais, continuo convencido que este projecto tem pouco de científico, e muito de golpe publicitário. E a verdade é que tempo de antena não lhe tem faltado. 
O livro que relata a sua experiência está já disponível. Não que esteja muito interessado em o ler. 

Parabéns Sir David Attenborough

A 8de Maio, David Attenborough completou 90 anos. Felizmente para nós, não tenciona parar. 
Já muito se disse sobre o naturalista que há mais de 60 anos leva a natureza às nossas casas e em todo mundo e cuja influência se estende por várias gerações. Não são assim de estranhar os seus mais de trinta doutoramentos honoris causa, um título nobiliárquico, ter dado já nome a vários animais e fósseis – incluindo aranhas, plantas carnívoras, peixes extintos, dinossáurios – e mais recentemente a um navio que será utilizado para exploração científica, o RSS David Attenborough. 
O futuro RSS David Attenborough
Não podemos deixar de marcar a efeméride, celebrando a sua vida e o contributo. A BBC assinala este acontecimento com uma série programas dedicados, que não devem perder. Fiquem com um vídeo em 360º, um exemplo do seu entusiasmo por novas tecnologias como formas inovadoras de nos dar a conhecer o mundo natural. Obrigado, Sir David!

Posição disponível em comportamento de peixes: Fish Ethology Database

Para quem tem interesse em comportamento animal, e em peixes em particular, pode interessar esta oferta para colaborar no projecto “FishEthoBase” – Fish Ethology Database

O perfil desejado do candidato é:

  • Ter habilitações ao nivel de mestrado numa área das ciências naturais
  • Comprovado interesse em bem-estar animal (preferencialmente de peixes)
  • Nível de Ingês C1 (7 em 9)
  • Competências ao nível da informática e Internet
  • Experiência em pesquisa bibliográfica e trabalho com bases de dados
  • Habitar na Europa
  • Dispor dos recursos necessários para trabalhar em casa
  • Acesso gratuito a literatura científica
  • Disponibilidade  para dedicar metade do horário de trabalho
  • Disponibilidade para viajar duas vezes por ano para se encontrar com a restante equipa

Oferece-se:

  • Trabalho em regime de freelance (média de 65 horas por mês)
  • Liberdade de organizar o seu próprio horário de trabalho, respeitando os deadlines acordados
  • Remuneração de 20€/hora (tudo incluído) no primeiro ano, 25€ no segundo e 29€ no terceiro
  • Perspectiva de permanecer até final de 2017, e com boas hipóteses de se estender para além dessa data

Candidaturas até 15 de Março de 2016
Reservar as datas de 18 e 19 de April (Zurich) e 25 em Bruxelas Bruxelas para entrevistas

Antes de se candidatar, é favor contactar Billo Heinzpeter Studer (international@fair-fish.net), Director da FishEthoBase, para saber mais detalhes

Para mais detalhes, pode consultar: www.fair-fish.net/resources/job_offer_FEB_2016.pdf

"Rat Park" – Uma história ilustrada sobre ratos, drogas, ciência e sociedade

Um aspecto central para avaliar a aceitabilidade ética do uso de animais em ciência é a importância atribuída aos benefícios científicos ou médico que se espera daí poderem advir. 
Um exemplo da aplicação deste raciocínio foi o da proibição de testes de cosméticos em animais na União Europeia, uma vez que o consenso atingido – por legisladores, cidadãos, indústria, academia e grupos de protecção animal – foi que o fim não justificava os meios. Também pela mesma razão, a investigação em doenças humanas vistas como resultantes de “más escolhas” por parte dos pacientes – como as associadas ao tabagismo ou à obesidade –  é frequentemente alvo de crítica por alguns segmentos da sociedade, algo que contudo foi já posto em causa neste blog. 
Rat Park – Um estudo clássico que contribuiu para
mudar o modo como vemos a adição às drogas. 
Mas que dizer então da toxicodependência? O actual paradigma para lidar com este problema é o de o encarar como uma doença – ainda que com contornos particulares – reconhecendo contudo a influência de aspectos comportamentais, genéticos e sociais que não podem ser menosprezados. Mas o estigma persistente na sociedade civil, religiosa, política e até académica da toxicodependência como o resultado de uma escolha intrinsecamente ligada a estilos de vida censuráveis e à marginalidade, poderá levar a que muitos coloquem em causa a legitimidade moral e científica do seu estudo em animais.  
Na minha opinião, é precisamente a complexidade do problema que exige uma análise atenta e sobre diferentes perspectivas, que poderá incluir estudar isoladamente alguns aspectos da adição em animais. E é um estudo clássico nesta áreas, por Bruce Alexander e colegas, que aqui apresento, sob a forma de banda desenhada pela mão do artista Stuart McMillen. 
Gosto particularmente desta banda desenhada, que se coíbe de fazer quaisquer juízos morais sobre o uso de animais para estudar a dependência, ficando isso ao critério do leitor. É ainda um excelente exercício de comunicação de ciência que descreve eficazmente uma série de estudos, sem contudo se perder em aspectos técnicos, que destaca o potencial impacto médico e social das conclusões obtidas sem cair no erro de o sobrestimar e que consegue um bom equilíbrio no destaque dado a investigadores, animais, pacientes e à própria ciência e suas conclusões. 
Ao invés de procurar descrever esta estória aos leitores, convido-os antes a ler na íntegra a banda desenhada, que se encontra disponível em Português (sob o título Ratolândia). 

Medir expressão facial de dor em animais

Este artigo da Joana Fernandes constitui a segunda parte na série de artigos que reporta informação de um recente encontro sobre bem-estar animal.  

A dor é uma experiência complexa e multidimensional, que envolve elementos fisiológicos e subjectivos. Devido à proximidade dos processos neurológicos entre animais humanos e não humanos, é esperado que os últimos, particularmente os mamíferos, experienciem dor, mesmo não a conseguindo comunicar numa linguagem verbal. Por estas razões, a dor é uma preocupação ética evidente quando falamos em experimentação animal, que envolve, em muitos casos, danos físicos para o animal. O reconhecimento de dor em espécies animais utilizadas em investigação científica é determinante para que sejam definidas e implementadas medidas para a minimizar, e também para a definição de humane endpoints. Embora nos últimos anos a investigação nesta área tenha vindo a crescer, as formas existentes para determinar e medir dor são ainda subjectivas e pouco precisas. É, por isso, muito importante continuar a fazer esforços no sentido de melhorar o reconhecimento de dor nas variadas espécies animais utilizadas em laboratório.

Expressão facial de dor no ratinho. 
Ver mais em

Vê a dor nos olhos do ratinho


O estudo da dor torna-se ainda mais complexo, pois a expressão de dor pelos animais pode confundir-se com outros estados emocionais negativos que não envolvam necessariamente dor. Por outro lado, quando se trata de uma recuperação de um procedimento cirúrgico, em que o animal está debilitado, os sinais de dor podem não ser tão evidentes. Questões éticas acrescem quando se trata de primatas não-humanos, devido à sua proximidade com a nossa espécie, o que leva a uma opinião pública mais dividida e mais forte quanto a experiências que envolvam estes animais. Quanto ao uso destes animais em investigação, a Directiva 2010/63/eu descreve que “tendo em conta o estado actual dos conhecimentos científicos, ainda é necessário recorrer a primatas não-humanos em procedimentos científicos no domínio da investigação biomédica […]. A utilização de primatas não-humanos só deverá ser permitida nos domínios biomédicos essenciais para o benefício do ser humano, em relação aos quais não existam actualmente métodos alternativos de substituição disponíveis”.

No sentido de procurar medidas mais sensíveis ao reconhecimento de dor em primatas, a equipa da Dra. Sarah-jane Vick (Universidade do Stirling, Reino Unido) tem vindo a desenvolver um trabalho de reconhecimento de dor em macaco reso através das suas expressões faciais. O estudo de dor através das expressões faciais tem vindo a crescer e já existem escalas definidas para espécies como o murganho, o rato, o coelho e, também, para o cavalo. Este novo método de investigação em dor é muito interessante e já foi mesmo abordado num post anterior, em que foi discutida não só a semelhança de expressões faciais entre animais e seu valor evolutivo, mas também a relevância ética das evidências de dor em animais não humanos.

Para explorar as expressões faciais de macacos reso, a equipa utilizou um software de identificação de posições dos músculos faciais. Este softwareMaqFACS – foi desenvolvido com base num software existente para identificação de expressões faciais em humanos designado por Facial Action Coding System (FACS). Esta é uma técnica amplamente usada não só em investigação em humanos, mas também na clínica, nomeadamente em psiquiatria.

 Identificação dos músculos faciais de macaco reso (esquerda) e humano (direita) que
 demonstra as semelhanças entre as duas espécies. Foto do sítio ofícial de MaqFACS

O desenvolvimento de uma ferramenta capaz de identificar movimentos dos músculos faciais e correlacioná-los com estados emocionais em humanos, suscitou interesse a cientistas de outras áreas de investigação que utilizam animais não-humanos. O FACS tem sido adaptado a várias espécies animais, como chimpanzés e outros primatas, assim como animais domésticos, como cães e gatos. No entanto, embora este seja um ponto de partida para estudar emoções noutros animais, correlacionar expressões faciais com estados emocionais continua a ser um desafio para os cientistas. 

A Dra. Sarah-jane Vick e a sua equipa pretendem utilizar esta ferramenta para, de forma mais precisa, correlacionar modificações no comportamento causadas pela dor infligida por procedimentos cirúrgicos através das expressões faciais de macacos reso, bem como correlacionar estas com expressões faciais de dor em humanos, pois existem muitos músculos em comum entre as duas espécies. Para isso, o objectivo da equipa é comparar as variáveis referidas acima nas diferentes fases de um procedimento cirúrgico invasivo que inflija dor: antes e depois de uma cirurgia e antes e depois do uso de analgésicos. Este estudo está ainda numa fase preliminar e, por isso, não foram apresentados resultados robustos na palestra. Numa próxima fase os autores vão analisar os dados de comportamento e correlacioná-los com os resultados das expressões faciais que obtiveram nas diferentes fases do procedimento cirúrgico.

Portugueses investigando em bem-estar animal – Kelly Gouveia

Kelly Gouveia licenciou-se em medicina veterinária pelo ICBAS em 2007 e tem feito desde 2008 um percurso interessante e diversificado ao nível da investigação em bem-estar animal. Concluiu recentemente o seu projecto de doutoramento pela Universidade de Liverpool, sob a orientação de Jane Hurst e Paula Stockley no NC3Rs, e que se focou no refinamento do manuseamento de murganhos. 
Nuno Franco – Olá Kelly, podes começar por fazer um breve resumo do teu projecto de doutoramento e das suas principais conclusões e implicações?
No meu projecto de doutoramento estudei formas práticas de reduzir o stress associado ao manuseamento, em ratinhos de laboratório. O stress associado ao manuseamento constitui um problema de bem-estar e pode induzir variação nos resultados experimentais. Animais de laboratório necessitam constantemente de ser manuseados, quer seja para efeitos de limpeza, simples inspecções diárias ou para fins experimentais. Dado que o ratinho é a espécie laboratorial mais usada neste momento, isto pode ter implicações para muitos milhões de animais utilizados em ciência mundialmente. Embora o método mais comum de manusear ratinhos seja levantá-los pela cauda, uma publicação relativamente recente (Hurst & West, 2010) demonstrou que este método induz aversão ao manuseamento e ansiedade, contrariamente a dois métodos alternativos: guiar o animal para dentro de um túnel presente na jaula ou usar a técnica da mão aberta em que o animal e apanhado com a mão aberta e segurado na palma da mão (hand cupping). 
O meu projecto analisou a eficácia destes métodos relativamente ao método da cauda, a fiabilidade de os implementar na prática e modos de os integrar na prática laboratorial. Outra parte do meu projecto consistiu em testar os efeitos do método de manuseamento na fiabilidade de resultados experimentais, principalmente em experiências que aplicam testes comportamentais/cognitivos. O método do túnel contribui para uma redução significativa do stress associado ao manuseamento e pode ser implementado de forma prática, ou seja, não exigindo uma habituação prolongada e à parte do contexto laboratorial. A redução de stress associado ao manuseamento também pode melhorar a fiabilidade dos resultados experimentais e portanto constitui um método eficaz de introduzir os 2Rs (de refinamento e redução) nas práticas de laboratório.  

Que desafios vês à adopção mais generalizada destas técnicas para o manuseamento de animais de laboratório?
Penso que ha vários desafios. O desconhecimento sobre os efeitos mais generalizados destes métodos, tanto a nível fisiológico como comportamental, e a sua influência nos resultados experimentais são desafios para a da adopção destes métodos como padrão. Poderá haver situações em que usar uma técnica menos aversiva possa reduzir a possibilidade de detectar um efeito experimental ou mesmo ser contra-indicada. Por exemplo, em psicofarmacologia pretende-se usar modelos animais que demonstrem elevada ansiedade. É possível que minimizando o stress ambiental associado ao manuseamento possa haver um efeito atenuante, e portanto influenciar o efeito farmacológico de um ansiolítico. É necessário haver mais investigação sobre os efeitos de manuseamento prática variação de resultados experimentais de forma a encaminhar para uma prática generalizada destes métodos. Também o uso destes métodos poderá ter algumas limitações, como por exemplo, para o manuseamento de múltiplos animais por jaula em que poucos animais cabem de uma vez no túnel ou o uso destas técnicas em animais muito jovens em que a habituação ao manuseamento não é imediata. O próprio processo de implementação generalizada destes métodos também constitui um desafio, pois é necessário que organizações científicas e entidades reguladoras reconheçam a importância do manuseamento menos aversivo e comecem a implementar as técnicas na formação de investigadores e pessoal técnico.
Antes de desenvolveres este projecto no NC3Rs, em que outros trabalhos na área de bem-estar animal estiveste envolvida?
Durante o meu estágio de veterinária fiz dois projectos sobre o bem-estar de animais no matadouro. Num deles investiguei a incidência de lesões post mortem em frangos criados em regime extensivo, e a sua associação com acontecimentos que antecedem ao abate. No outro estudei a fiabilidade de determinados comportamentos manifestados por bovinos durante o atordoamento, como indicadores de um atordoamento eficaz. Após ter completado o curso, estive envolvida na submissão da candidatura de um projecto de investigação a FCT, sobre estratégias para aumentar o uso dos parques em regime extensivo na criação de frangos. Fiz também um projecto numa sociedade protectora de animais de companhia no Porto, em que estudei o bem-estar de gatos alojados em grupos, relativamente a alguns factores, como por exemplo o tempo de estadia e composição do grupo. Pouco antes de começar o meu doutoramento também realizei um projecto na universidade de British Columbia (Vancouver, Canada) em que investiguei aprendizagem do uso de free-stalls em novilhas leiteiras.  
Não há em Portugal nenhuma instituição científica nem orçamento dedicado ao desenvolvimento e promoção dos 3Rs, ao contrário do que acontece noutros países europeus. O que é que, na tua opinião, faria falta para que fosse criado um centro para investigação nestas áreas no nosso país?
Julgo que em parte falta haver investimento financeiro de grandes empresas em Portugal. Alias, esta diferença e muito notável entre países com baixo ou elevado sucesso na implementação de programas de bem-estar animal. Também era necessário haver envolvimento ou colaboração com os cientistas mais conceituados da área a nível internacional, para aumentar as hipóteses de aprovação dos projectos de investigação pelas organizações cientificas portuguesas e internacionais.
Para finalizar, que projectos tens para o futuro, no curto e médio prazo?  
Gostaria de continuar a trabalhar nesta área e talvez um dia fazer parte de um centro de investigação científica em Portugal, quem sabe!

Seminário de Medicina Forense, Comportamento e Bem-estar Animal

O primeiro Seminário de Medicina Forense, Comportamento e Bem-estar Animal terá lugar nos dias 18 e 19 de Abril no Hotel 3K Europa, em Lisboa.
Neste seminário serão discutidos temas relacionados com o mau trato sobre animais tais como a importância do comportamento animal na investigação de casos, investigação forense, clínica médico-legal veterinária, tenatologia forense, enquadramento legal, métodos de antropologia forense, dor e indicadores de bem-estar. Haverá ainda uma palestra especialmente dedicada ao elo entre o mau trato em animais e crimes direccionados a pessoas.
Esta formação é especialmente dirigida a médicos veterinários, psicólogos, estudantes de medicina veterinária e psicologia e a todos os interessados na área da Medicina Veterinária Forense.
Visite a página do evento no Facebook.

"I don’t like you" – Jane Goodall e John Oliver

Numa curta entrevista com o brilhante John Oliver – o apresentador e humorista britânico que é hoje um fenómeno de popularidade nos Estados Unidos –  Jane Goodall revela o seu bom-humor (e paciência), sendo o mesmo utilizado como veículo para divulgar as principais descobertas da primatóloga ao longo da sua vida dedicada ao estudo dos chimpanzés. 

O que eu gosto mais desta entrevista é que, ao passo que a maioria das peças televisivas “sérias” tendem a romantizar a vida e trabalho desta investigadora, aqui não só isso não acontece, como é dada oportunidade a Goodall de de não se levar demasiado a sério, ao mesmo tempo que são abordadas questões sensíveis ao nível da investigação destes primatas, como a atribuição de nomes aos indivíduos, ao invés de números de referência. 

Goodall também não se coíbe de designar os seus comportamentos com a mesma terminologia com que nós, humanos, descrevemos os nossos comportamentos. Assim, para Goodall, comportamentos sociais como dar abraços, beijos e as mãos não são  “parecidos” ou “análogos” aos dos humanos, mas a mesma coisa, de facto. 

Eu não sou nada de antropomorfismos, mas acho que no caso de animais tão biologicamente próximos, estamos de facto perante comportamentos homólogos, salvas as devidas distâncias. 

Uma peça despretensiosa, interessante, didática e cativante como a comunicação de ciência deverá ser. Uns cinco minutos bem passados.