“Abandono legalizado pelas Câmaras”
“Os canis é para abater, por vezes sem condições”
“Genocídio animal”
“Os canis municipais abatem sem critério algum animais em bom estado”
“Abandono legalizado pelas Câmaras”
“Os canis é para abater, por vezes sem condições”
“Genocídio animal”
“Os canis municipais abatem sem critério algum animais em bom estado”
Foi o próprio presidente da Câmara da Cidade, António Magalhães, a declarar o fim das touradas no município, até agora uma das mais emblemáticas actividades no programa das festas gualterianas. “Fomos sensíveis aos apelos dos defensores dos direitos dos animais e decidimos extinguir do programa a corrida de touros”, afirmou o edil, que também deu conta do seu repúdio pelas corridas de touros, posição pessoal da qual afirmou não derivar a decisão, tomada segundo ele primordialmente para dar maior “modernidade” às festas, para além do facto de “este tipo de programa está[r] em perda em todo o mundo taurino e, sobretudo, nas regiões onde não é uma tradição muito vincada“.
Eu, curiosamente, acho curiosa esta associação entre o fim das touradas e a proclamada “modernidade”. Será mesmo esta a questão central aqui? É uma maneira do presidente se desmarcar de críticas e evitar que o acusem de tomar em consideração gostos pessoais para tomar decisões políticas? É apenas a orientação política e não a personalidade dos candidatos aos lugares públicos que vai a votos?
Não é a primeira vez que vejo a questão ética levantada pelo sofrimento dos animais em nome do entretenimento ser relegada para um segundo plano, secundada por apelos à modernidade. o problema é que o conceito do que é moderno ou não varia com as modas. E se um dia a “festa brava” voltar a ser moda? Que fazer ao argumento?
Louve-se, contudo, a decisão. E a coragem política de a tomar.
If there is any literature-derived cliché in the scientific world that studies the two species, it is precisely this title. But in this very case, I can’t resist it. The human nature as John Steinbeck captures and describes in just over a hundred pages is also the one who is so clearly visible in a hot, if not rancorous Internet discussion going on right now. In what is expected to be a scientific forum.
The topic is the research report on pain and facial expression in mice that I wrote about here in early June. A few days ago the US-based Principal Investigator’s Association asked its – and ultimately of course, a number of additional – readers if this study was consistent with existing animal welfare rules and whether there were ethical questions which should have been raised before the trial was approved and published. Of course these are not unreasonable questions to ask about a study of pain in animals.
But to ask the readers of an open web forum to act as judges in a case of whether an experiment on animals should be approved is opening a snake’s nest. At the international level there are few research issues as infected as this one. This was evident within a few hours after the question was asked, and having prepared myself to write as fact-based as possible an analysis of the question I simply choked on what had already been said. Those who take the time to scroll down through the posts will understand why. But it is worth the trouble to do it, because what follows is a unique combination of ill-invectives and critical analysis that clearly indicates how widely differing perceptions and misperceptions that exist of the animal experimentation issue. And for the researcher interested in understanding what research communication is all about, there is a lesson to be learned about how more or less critical thinking non-scientists view what is an important research issue and a reasonable method to study it. As well as how researcher colleagues tackle the task of engaging in a rancorous debate.
I myself am somewhat hesitant about whether I should be writing this post at all, because I think I will continue to reflect on this for a long time to come, and what I write now is not necessarily what I will think in a couple of months. I’m not quite convinced that it is right to draw attention to the original discussion either. As many researchers have already expressed, the issue was wrongly addressed and, above all not appropriately presented. The study is published in a journal that is not Open Access, which means that those readers who do not have access to Nature Methods must rely on the description of the study presented by Principal Investigator’s Association, and which is insufficient and probably misleading on at least one central and very critical point: the how severe the pain was that the mice were exposed to.
Of course it is a huge paradox to expose animals to pain in the name of animal welfare research. This isn’t really the right description of the study in question either because the researchers are not primarily motivated by animal welfare concerns but by their research interest in pain psychology more generally. But the questions they ask and the findings they present are central for animal welfare research in a manner that is not quite easy to explain to those who are not familiar with the subject. For who seeing the world through the glasses of common sense would doubt that animals can feel pain? And how simplistic can researchers be to think it is a question worth asking?
Why then is the question of pain expression in mice important? Because the answer takes us a little bit closer to the possibility of measuring the immeasurable – that is, animal subjective experience. This, or more precisely consciousness, is what one of the world’s pioneering animal welfare scientists – Oxford behavioural biologist Marian Dawkins – described as the one major remaining mystery in biology. And it sits right in the center of animal welfare research. Whether it justifies the current study is another issue that science media will continue to discuss over the coming weeks. I will update with links.
As palavras são do governo da Malásia, em resposta a protestos de associações de protecção animal contra a construção de um novo centro de biotecnologia. Observo com interesse que a polémica, relatada na imprensa internacional, parece ter muitas semelhanças à do proposto biotério da Azambuja. E com a satisfação de que aqui nenhum representante do governo responderá com referência à vontade divina.
Pode ser que somos a única espécie de animal politico, mas não somos os únicos com tendências para direita ou para a esquerda – no que diz respeito a preferência física de uma pata sobre a outra ou um lado sobre o outro. Quando no laboratório treinamos um ratinho de executar uma tarefa com lateralidade, precisamos primeiro determinar se este ratinho tem uma preferência natural. Neste caso, para ter a certeza que estamos a medir a aprendizagem da tarefa em questão, escolhemos treina-lo a executa-la no lado contrário ao preferido. Mas lateralidade no mundo animal é mais do que ser canhoto ou não – saiba mais na ultima edição da New Scientist.
A mesma revista conta também a noticia da observação do comportamento de chimpanzés fêmeas depois da morte do bebé, e como estas resistem em se separar da cria mesmo evidentemente morta. A observação de um grupo de chimpanzés no distrito de Bossou em Guiné feita por uma equipa incluindo a investigadora portuguesa Cláudia Sousa da Universidade Nova de Lisboa, foi originalmente publicada na revista Current Biology.
Recentemente, activistas pró-direitos dos animais nos Estados Unidos têm usado leis como o Freedom of Information Act (FOIA), bem como leis estatais – que determinam que dados sobre as experiências em animais conduzidas nas universidades e outros organismos públicos deverão ser fornecidas por estas a quem as solicitar – como base de fundamentação a ataques dirigidos a cientistas que conduzem experimentação animal no ramo da biomedicina. Estas leis, que promovem livre acesso à informação sobre investigação científica, trazem, em princípio, algo de bastante positivo, mas levantam algumas questões (não relativas a patentes e propriedade intelectual, cujos interesses salvaguarda), como por exemplo o facto de informação não revista no sistema de peer-review possa ser acedida, escrutinada e descontextuadamente tornada pública, por público não-cientista. A falta de formação específica na área e das convicções individuais (ou colectivas, de grupos extremistas) resultem em má interpretação ou uso deliberadamente abusivo dessa informação.
Uma das consequências mais preocupantes deste uso abusivo tem sido a mudança de alvo destes grupos terroristas, que passaram de atacar biotérios e instituições a concentrar os seus ataques a cientistas, e mesmo às suas famílias.
Em resposta a este problema, foi criada uma lista de linhas de acção a tomar por cientistas dos Estados Unidos sempre que requisitados a fornecer informação ao abrigo do FOIA, mas temo que, para a maior parte desses cientistas que trabalham com animais, a vontade de comunicar ao público informação relativa ao seu trabalho seja mínima, por medo dessas interpretações enviesadas e/ou de reacções injustificáveis.
Ainda na semana passada tive a oportunidade de falar num debate com cientistas que trabalham com animais no IGC sobre o facto das posições “anti” e “pró” experimentação animal se terem extremado a um ponto que tornava o diálogo muito difícil, e que deveria partir de nós fazer o que estivesse ao nosso alcance para, com assertividade, clareza, verdade e isenção, informar o público não científico do nosso trabalho e suas implicações. Mas se calhar assumo essa postura porque tenho a sorte de não trabalhar num país onde há grupos onde a ignorância, arrogância, irracionalidade e a violência são os principais factores de identidade e acção, como acontece nos EUA.
Apesar do folclore televisivo, aqui está um bom exemplo de cooperação entre Canis Municipais e Associações Zoófilas. A Médica Veterinária do Município de Loures procedeu ao arresto de uma centena de cães, após um longo processo legal. A Associação Animais de Rua soube do caso e tomou a iniciativa de encontrar uma solução para a esterilização e adopção desses mesmos animais. A associação zoófila funciona, neste caso, como o veículo intermediário entre o canil municipal, outras associações e a sociedade, em vez de se sobrepor ao trabalho do Médico Veterinário Municipal (MVM). O que muitas vezes acontece é serem as associações a tomar nas suas mãos a missão de apreender animais vadios ou “maltratados” e a encontrar as suas próprias vias de adopção à revelia de qualquer controlo médico-veterinário.
A Associação Animais de Rua é um caso à parte no panorama nacional das associações zoófilas pelo facto de ter uma linha de rumo muito objectiva e definida: capturar, esterilizar e devolver animais errantes. Como não possui instalações próprias esta associação funciona em parceria com outras entidades ou associações, procurando sinergias.
Seria interessante determinar se isto se deveu a respeito pela vida (ou valor monetário) de animais que não tinham nada a ver com a escaramuça, ou apenas pela impossibilidade técnica de continuar o conflito. Seja como for, fica o registo.
Insólito

Dezenas de polícias e guarda- -fronteiriços israelitas entraram ontem no campo de refugiados palestiniano de Shufat, no Norte de Jerusalém Oriental, e detiveram 11 suspeitos de “fraude fiscal, actividades criminosas e atentados violentos contra a ordem pública”. A operação policial em território ocupado originou confrontos: às pedradas dos jovens palestinianos as forças israelitas responderam com balas de borracha e granadas de gás lacrimogéneo. Até que apareceu um rebanho – carneiros, cabras e ovelhas forçaram as duas partes a parar, por momentos, a violência.
(fonte e crédito da foto)
Deram entrada no mês de Dezembro de 2009 no Tribunal Constitucional mais de 9 500 assinaturas para a criação do Partido pelos Animais (cujo manifesto pode encontrar aqui), o qual espera ainda aprovação.

Este proto-partido não se assume nem à esquerda nem à direita do tradicional espectro político nacional, entendendo que os problemas que pretende abordar sejam “transversais a todo o leque político-partidário“.
Este eventual futuro partido foi alvo de destaque no programa em directo “Mundo das Mulheres”, transmitido ontem, e no qual participaram Miguel Moutinho, da Associação Animal, Heitor Lourenço, actor e Paulo Borges, da comissão coordenadora do movimento.
Temas como a protecção ambiental e defesa dos direitos animais parecem ser dignos de atenção, principalmente num país como Portugal, onde a legislação não só é insuficiente para a protecção dos animais, como também ineficiente, uma vez que raramente há sanções para quem maltrate animais.
Assim sendo, o PPA defende “entre outras medidas, a redução da agro-pecuária intensiva, uma melhor aplicação das leis que punem o abandono e maus-tratos dos animais, a comparticipação do Estado nos tratamentos veterinários e nas medicinas alternativas para as pessoas, a diminuição das taxas sobre produtos de origem natural e a esterilização dos animais que estão na rua” (fonte)
(Já agora, medicinas alternativas? Quais? A homeopatia, que vende água pura em frascos bonitos por preços exorbitantes e com falsas promessas de cura? Ou a tradicional chinesa, que conta no seu leque de agentes terapêuticos muitos produtos de base animal, alguns deles selvagens e em estado de conservação ameaçado?)
Se até me poderia rever nalgumas linhas e pretensões deste partido, a abordagem de um tema em particular – nomeadamente a questão da experimentação animal – levantou-me algumas reservas relativamente ao PPA.
A assertividade com que declararam a inutilidade da experimentação animal (citando “cientistas” aos quais darão muito mais crédito do que a todos os outros) foi enviesada, cientificamente infundada e sem direito a contraditório, o que não augura nada de bom. Sem acesso a contraditório, a apresentadora lá acenava com a cabeça que “sim, senhor” e dava o endereço da petição da plataforma contra o biotério da Azambuja (cuja construção também desaprovo, mas provavelmente por diferentes razões).
É intelectualmente desonesto defender os direitos dos animais utilizados como modelos em ciência com base apenas no custo suportado por estes (que é grande, em termos de bem-estar, ressalve-se) sem apontar o inegável benefício que a experimentação animal proporciona à saúde, qualidade de vida e segurança de seres humanos, mas também de outros animais, uma vez que os avanços na medicina veterinária devem tanto ou mais à experimentação animal. Se os interesses de uns se sobrepõem aos dos outros é um dilema ético antigo e de difícil resolução (há soluções de compromisso, mas isso ficará para outra altura).
Diariamente, milhares de cientistas procuram contribuir para o tratamento ou erradicação de doenças infecciosas, genéticas, oncológicas (etc.) ou assegurar a eficácia e segurança de todos os produtos farmacêuticos e não-farmacêuticos no mercado. Dizer que o fazem em vão (facilmente refutável, atendendo ao espantoso avanço da medicina no último século) é falacioso e insultuoso.
Não conheço nenhum cientista que use animais como modelos experimentais que não os trocasse por métodos alternativos se lhe fosse evidente que tal resultaria em conhecimento científico igualmente ou mais válido. Até porque há desvantagens de ordem metodológica, económica e científica no uso de animais em ciência. Se, apesar de conscientes disso mesmo, muitos investigadores continuam a usar animais, tal se deve maioritariamente à inexistência (ou desconhecimento, o que também poderá acontecer) de alternativas viáveis e tão boas ou melhores que os animais, e não por sadismo ou desejo de perpetuação do status quo.
Deixo ainda estas questões:
Quanto do eleitorado se oporia à questão da experimentação animal, face aos benefícios da mesma e o facto de ser conduzida maioritariamente em ratos, ratinhos, peixes (e moscas, no campo dos invertebrados)?
Que animais pretendem defender os membros deste partido? Os vertebrados? Todos os animais conscientes? Sencientes? Até que nível de senciência ou consciência?
Como apelar a um eleitorado que, certamente, não advogada da totalidade das causas do PPA? Um eleitor anti-touradas mas que gosta do seu bifito ou pargo grelhado deveria votar neste partido, quando o ideário do mesmo é contrário a alguns dos seus interesses pessoais?