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Métodos de treino e modificação comportamental de cães: Eficácia e impacto no Bem-estar
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Ana Catarina |
Um texto de Ana Catarina Vieira de Castro, Bióloga e Postdoc no grupo de Ciências de Animais de Laboratório do IBMC. A Catarina estudou o comportamento de pombos para o seu doutoramento (trabalho que lhe valeu um prémio) e é treinadora de cães certificada.


No entanto, em alguns casos são feitas afirmações que carecem de comprovação científica ou que algumas vezes vão mesmo contra o conhecimento científico actual. Por exemplo, a Pet Professional Guild, uma associação norte americana de treinadores force-free, afirma na sua declaração de posição sobre treino de cães que existem evidências científicas extensas e irrefutáveis de que o treino aversivo de cães 1) provoca repercussões comportamentais negativas e 2) é menos eficaz do que o treino positivo.
Embora possamos encontrar nos estudos da psicologia acima referidos algum suporte para a afirmação relativa aos potenciais efeitos deletérios dos métodos aversivos, o caso é muito diferente para a afirmação sobre a eficácia dos mesmos. Não parece haver actualmente literatura em que nos possamos basear para aceitar afirmações sobre a maior eficácia do reforço positivo em relação à punição. E basta recorrermos a um manual de introdução à psicologia da aprendizagem para encontrarmos referências relativas à extrema eficácia de determinados procedimentos aversivos.
A epidemia de Ébola chegou ao nosso quintal – e aos nossos animais!
Embora o papel dos animais domésticos na propagação do Ébola seja desconhecido, sabe-se que cães podem ser portadores assintomáticos do vírus e representam potencial risco de contágio. No entanto, Eric Loy, um especialista na transmissão do Ébola, discorda com a solução encontrada pelas autoridades espanholas, já que cão representaria uma fonte importante de informação sobre o vírus e sobre a sua transmissão. Em vez do abate, o cão deveria ser isolado e usado como ferramenta estudo. Uma petição, propondo algo semelhante, foi entretanto criada.
Um Tributo à Dra Sophia Yin
Bob’s Dog Obedience School and Taxidermy Shop
Quando aturo o ladrar infinito do cão do outro lado do quarteirão, nada me consola como este:
O Burro-de-Miranda – uma visita à sede da AEPGA em Miranda do Douro
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Burriquitos nascidos este ano. Todos baptizados com nomes começando por “J” (para o ano será com “L”, e por aí adiante) (Foto: Nuno Franco) |
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O “Lourenço”, de oito anos, um belíssimo exemplar da raça. (Foto: NF) |
– Pelagem comprida, grossa, de cor castanha
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Os burros até nem gostam muito que lhes mexam nas orelhas, mas este nem se queixou… (Foto:NF) |
São animais de temperamento muito dócil, ainda que apenas machos castrados e fêmeas sejam utilizados nos passeios (a associação dispõe de 6 garanhões, não castrados, para reprodução). Quer os juvenis quer os adultos com quem contactei procuravam activamente a presença e os mimos dos visitantes, tornando muito difícil não nos afeiçoarmos a estes animais.
A longevidade dos animais de trabalho é de cerca de 30 anos, mas prevê-se que os animais que se encontram nas instalações da AEPGA possam chegar aos 40 anos de idade.
A associação conta com dois médicos veterinários a tempo inteiro, que se encarregam da monitorização dos animais da associação, mas que também fazem acompanhamento veterinário de outros burros na região, por um valor simbólico, dada a idade e perfil sócio-económico da maioria dos proprietários de gado asinino na região.
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Nada é deixado ao acaso pela equipa veterinária da AEPGA, como se pode constatar neste quadro. (Foto: NF) |
Já o passeio em si, foi uma experiência muito positiva e didáctica. Toda a família adorou e eu confesso que me apaixonei por estes belos animais. Partilho com os animalogantes alguns destes momentos passados em Atenor na companhia dos Burros-de-Miranda, aproveitando ainda para recomendar esta experiência a todos que gostem de animais, de contacto com a natureza e de aventura.
Magia para Cães
Problemas de separação no cão – estudo internacional
A Universidade de Lincoln, Reino Unido e a Universidade de Medicina Veterinária e Farmácia de Kosice, Eslováquia estão a realizar um estudo a nível internacional que visa melhorar a compreensão do comportamento do cão na ausência do proprietário.
O comportamento destrutivo, a vocalização e eliminação inapropriada estão entre as queixas mais comuns dos donos de cães, resultando frequentemente na quebra do vínculo homem-animal, e em alguns casos, até mesmo ao abandono.
Se for dono/a de um cão pode contribuir com a sua informação para este estudo atraves do questionário.
Gatos na Sociedade – Ordem dos Médicos Veterinários
Protegemos os animais em detrimento dos humanos?
O comentário que os animais têm mais direitos do que os seres humanos surge inevitavelmente em cada discussão mediática que envolve proteção animal. Normalmente o descarto como populismo barato e sem fundamento. Não é por garantirmos (como sociedade) às galinhas-poedeiras mais uns centímetros quadrados que ficamos sem recursos para apoiar quem vive de reformas baixas.
Mas há situações em que é compreensível que a reflexão surge. A imagem aqui ao lado mostra a cozinha numa casa rural no sul da Suécia onde na semana passada foram apreendidos 8 gansos, 2 cabras, 40 galinhas e galos e 15 gatos. Relata o inspetor de bem-estar animal que a sujidade era tremenda e não havia lugares de descanso secos para os animais.
Aqui muito provavelmente não se trata de um dono violento, que queria fazer mal aos seus animais ou que não se preocupava com eles. Associados a estes casos graves de maus-tratos (palavra que uso por falta de outra mas preferia não usar, porque expressa uma intencionalidade que pode nem sempre existir) estão quase sempre muitos outros de foro social ou até psiquiátrico.
Considerando que esta foto é da cozinha parece mais do que evidente que a pessoa que vive nesta casa precisa de ajuda, que é incapaz de organizar a sua própria vida de modo funcional. Apreende-se os animais e deixa-se a pessoa ficar?
A resposta é sim. Vivemos numa sociedade com grande respeito pela liberdade individual, e não se pode legalmente (salvo muito poucas exceções) interferir com esta liberdade enquanto apenas está em causa a saúde e bem-estar do individuo próprio. Se este por livre vontade procurar ajuda é outra questão, mas não pode ser obrigado a não viver assim.
No entanto, quando o que está em causa o bem-estar de outros seres vivos, que não são humanos adultos, a sociedade tem o direito legal (e às vezes o dever, legal e/ou moral) de intervir para os proteger. Se for crianças, o interesse da criança em continuar a viver com o progenitor ou com a pessoa com que tem laços de afeto é também considerado, uma consideração que não se faz em casos de animais maltratados.
É essa a razão pela qual se pode proibir uma pessoa a tratar os animais de uma maneira que se aceita que trate de si próprio.