Controlo de Animais Errantes na Praia de Faro

A Associação Animais de Rua (AAR), está a desenvolver o Projecto da Praia de Faro que visa controlar as populações de cães e gatos errantes naquela emblemática zona balnear da Ria Formosa. Já aqui elogiei o trabalho da AAR numa mensagem anterior e volto a fazê-lo. Este é um projecto pensado e estruturado, que conta com a colaboração, entre outros, da Dogs Trust e da Universidade Lusófona. Isso é bem visível na forma como o projecto inclui o recenseamento de todos os animais – com recurso a uma aplicação android especialmente desenvolvida para o efeito – e um inquérito à comunidade.

Para quem não conhece, a Praia de Faro é uma das ilhas-barreira que formam a Ria Formosa e aquela que mais pressão humana tem sofrido ao longo dos anos (e também a mais vulnerável). Mas a Praia de Faro não é só local de veraneio; nela também habita uma comunidade que vive da actividade piscatória (em especial mariscadores) que actua numa área protegida pelo estatuto de Parque Natural. Identificar, monitorizar, alimentar e esterilizar os animais errantes vai não só beneficiar o bem-estar destes mesmos animais como permitir controlar o seu efeito sobre as espécies selvagens e promover a relação homem-animal, nomeadamente para quem vive sozinho ou isolado, algo comum por esta bandas. E é por isso que este projecto é tão importante pois contribui activamente para a sustentabilidade ambiental e social da região.

Caso pretenda dar o seu contributo, faça-o por favor através do NIB da AAR (0065 0921 00201240009 31) e envie um email para o geral@animaisderua.org, mencionando que o mesmo se destina ao Projecto da Praia de Faro.

Last Christmas I gave you a dog

É má ideia oferecer um cão (ou outro animal de companhia) a quem não tenha capacidade de assumir o compromisso de cuida-lo até o fim da vida, assim como não se deve comprar ou adotar um cão sem este compromisso.

Mas há um problema em si com o facto de oferecer um animal de companhia? Esta pergunta é colocada num recente artigo publicado na revista Animals. O que motiva a equipa de autores, de American Society for the Prevention of Cruelty to Animals de investigar o assunto, foi a prevalência da ideia que não se deve oferecer um animal como prenda.

A equipa analisou resultados de uma sondagem feita nos Estados Unidos, focando nos 222 entrevistados que afirmaram ter recebido um cão ou um gato como prenda. Perguntas subsequentes abordaram o envolvimento na escolha da prenda, afinidade com o animal e eventual abandono do mesmo.

Os resultados desta investigação são muito limitados pelo facto de não haver um grupo de comparação: não se falou com pessoas que tinham adquirido um animal de companhia por iniciativa própria. É bom saber que a maior parte dos entrevistados afirmaram gostar tanto ou mais do animal do que se tivesse sido adquirido pelo próprio, e que na maioria dos casos ainda mantinha o animal. Mas diz pouco enquanto não sabemos a informação equivalente de quem não recebeu mas adquiriu o seu animal. Convence um pouco mais quando cita outros estudos em que a razão de abandono foi investigada, sendo por exemplo alergias ou falta de tempo causas muito mais comuns do que o facto de ter recebido o animal como prenda.

Se não estivesse neste momento ocupadíssima com o que tem que ser ultimado antes do Natal (dentro do qual não consta a compra de um animal de companhia!), passava agora a ler o estudo que American Humane Association acabou de publicar, sobre os fatores que influencia a manutenção ou não de um animal obtido de um centro de recolha. Mas podemos todos aproveitar os dias mais calmos para lê-lo para voltar a falar do assunto logo no ano que vem.

Até então (e com uma lufada dos anos 80) votos de Boas Festas a todos os leitores do animalogos!

"No compres ese perro"

Crónica do Arturo Pérez-Reverte. Todos podemos imaginar o conteúdo, todos conhecemos a problematica que retrata. Natal, prendas, crianças que pedem, adultos que possam querer fazer-lhes a vontade.
Mas ninguém como um escritor para contar o que se segue:

No aparece y desaparece cuando conviene. Es un miembro de la familia con derechos y necesidades, que exige pensar en él cuando se planean vacaciones, e incluso una simple salida al cine o a un restaurante. A eso añádele la educación. Un perro mal educado puede convertirse en una pesadilla familiar y social. Además, cada uno, como las personas, tiene su carácter. Punto de vista y maneras. Eso exige un respeto que no todos los humanos somos capaces de comprender.
A estas alturas, sabes dónde voy a parar. Si eres de esa materia miserable de la que estamos hechos buena parte de los seres humanos, acabarás abandonándolo. Un viaje en coche a un campo lejano, una gasolinera, una cuneta.