O Fotógrafo João Pedro Marnoto tem andado por Trás-os-Montes, de aldeia em aldeia, atrás do gado asinino, e o resultado é o livro de retratos Fé nos Burros. O Projecto conta com a colaboração da Associação para o Estudo e Protecção do Gado Asinino. Vejam também a rubrica da Teresa Firmino no suplemento P2 do Público de hoje.
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A Evolução dos Tentilhões de Darwin – SERRALVES
A evolução dos tentilhões de Darwin
Oradores: Peter Raymond Grant e Barbara Rosemary Grant
Auditório da Fundação de Serralves, Porto
Peter Raymond Grant e Barbara Rosemary Grant são um casal de biólogos evolutivos britânicos, Professores Eméritos na Universidade de Princeton, que se distinguiram pelo seu trabalho notável sobre o estudo dos tentilhões de Darwin, e pela demonstração da evolução das espécies através do processo de selecção natural, descrito por Charles Darwin.
Na sua Conferência “A evolução dos tentilhões de Darwin”, Peter e Rosemary Grant descrevem-nos alguns dos resultados desta fascinante investigação que tem vindo a ser realizada nos últimos 40 anos nas ilhas Galápagos, nomeadamente sobre como estas espécies podem rapidamente variar através de mecanismos de selecção natural, por exemplo em características como o tamanho do corpo ou do bico, em resposta a alterações do meio ambiente.
Mais detalhes, aqui.
Animais errantes – eliminar ou proteger ?
A semântica, a Lei e a ilegalidade do sexo na Flórida
O entendimento que temos da condição humana e do nosso lugar na natureza e no mundo transparece na interpretação semântica que fazemos de termos comuns como sendo o de “animal”. Quando usamos o termo “animal” sem contextualização, a maioria irá a priori julgar que nos referimos às espécies animais não-humanas. Esse uso do termo “animal” com o significado de “os outros animais” é o mais recorrente nos media, na literatura e no nosso dia-a-dia. Coloquialmente, até pode ser usado como um insulto.
E até aqui tudo bem, uma vez que o significado de qualquer termo é legitimado pelo seu uso corrente com esse sentido por uma dada população, reforçando-se o mesmo numa espécie de ciclo virtuoso (ou vicioso, consoante o caso ou a interpretação). O problema é quando essa interpretação traz consigo uma concepção de humano como uma espécie biologicamente afastada ou superior das demais. Como professor de Biologia, muitas vezes identifiquei nos alunos esta mesmíssima concepção dos seres humanos como uma espécie superior, um pináculo da evolução (inclusive nos manuais) muito distante do restante Reino Animal. E isto da parte de pessoas que aceitam a evolução como um facto.
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| A evolução humana, representada como um percurso linear dos “macacos” até ao Homem |
O uso do termo “animal” para nos referirmos aos “outros animais” é claramente compreensível. Podemos mesmo entender esta “concepção alternativa” (um termo do “eduquês“, muito caro aos professores de Ciências) do que é um ser humano em pessoas com menor cultura científica, tal não é admissível na linguagem legal, técnica e científica, onde não pode haver margem para definições vagas ou interpretações dúbias.
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| A “Árvore da Vida”, com a posição dos humanos salientada por Andrew, do SFC. |
An act relating to sexual activities involving animals; creating s. 828.126, F.S.; providing definitions; prohibiting knowing sexual conduct or sexual contact with an animal; prohibiting specified related activities; providing penalties; providing that the act does not apply to certain husbandry, conformation judging, and veterinary practices; providing an effective date.
Com esta lei, que pretende (e muitíssimo bem) proibir uma prática violenta contra animais não-humanos, como é a zoofilia, o Estado da Flórida baniu acidentalmente toda e qualquer prática sexual entre seres humanos, também.
Claro que esta é uma interpretação exagerada com base num tecnicismo, mas não deixa este fraseamento de ser sintomático desta “concepção alternativa” do que é um ser humano, digo eu. Não nos esqueçamos que estamos a falar de um estado norte-americano (à semelhança de outros) onde o ensino da evolução nas escolas é um tema controverso, tendo-se esta controvérsia avivado (ver, por exemplo, aqui, aqui, ou aqui) com um projecto lei recente para mudar o modo como a evolução é ensinada nas escolas (entretanto rejeitado). Não admira, assim, que 40% dos americanos acreditem no “strict creationism”: Adão e Eva, Criação em sete dias por uma divindade e há menos de 10.000 anos, fixismo das espécies e por aí fora (várias entidades religiosas, contudo, já declararam a compatibilidade entre o evolucionimo e a crença religiosa).
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| Ainda hoje, apenas 16% dos Americanos acreditam na evolução sem intervenção divina. (Fonte: GALLUP) |
Assim sendo, também não é de estranhar que o Southern Fried Science comece por apontar que esta nova lei resulta da pena de “elected officials [that] fail basic taxonomy, promote anti-science curriculum, and consistently attempt to undermine the fundamental underpinning of all biology“, lançando a questão; “what happens when they start trying to legislate from this flawed view of reality?”
Também curioso é que esta lei que proíbe a zoofilia, salvaguarda a sua prática em certos procedimentos de husbandry (conjunto de práticas de maneio, manutenção dos animais), conformation judging (avaliação de um animal em concursos, de acordo com o nível de “conformidade” com um padrão dito ideal de fisionomia, estutura, porte, postura, locomoção, caracteres sexuais, reprodução etc.) e práticas veterinária. Será que alguma prática de profissionais que trabalham com animais (referir-se-iam talvez à inseminação artificial, à palpação uro-genital ou o trabalho do “apontador” durante o cruzamento de equinos) pode de alguma maneira ser confundida com zoofilia?
Como nota final, não resisto a transcrever o alerta de um dos autores do supracitado blog SCS , que com uma boa dose de humor e ironia adverte: “If you’re living in Florida on October 1, 2011 and would like to have sexual intercourse with a consenting adult, please check with your veterinarian or local livestock breeder first to make sure you abide by ”accepted animal husbandry practices, conformation judging practices, or accepted veterinary medical practices”
Qvid Ivris?
Camel eating a Vet
Crueldade Animal… outra vez ?
Vídeos realizados com câmaras ocultas a denunciar crueldade contra animais em países desenvolvidos não são, infelizmente, novidade. Mas o presente vídeo – filmado pela organização Mercy for Animals e divulgado por uma estação de televisão regional norte-americana – tem o condão de nos chocar e por isso alerto para a grafismo excessivo das imagens.
Trouxe este vídeo ao ANIMALOGOS não por ter um prazer especial em propagar pela blogosfera imagens de crueldade contra animais, mas sim para dar conta da resposta pronta e consentânea da AVMA (American Veterinary Medical Association), que também pode ser vista no seguinte vídeo.
Esta declaração tem, a meu ver, duas virtudes principais:
Primeiro, não perde tempo a condenar o modo como as imagens foram feitas nem procura desculpabilizar o que é visto: “Too often, those in the industry seem more concerned about attacking those responsible for producing the videos than addressing the abuse depicted in them, and that attitude has got to change. Attempting to shift the blame is a denial of the real issue.”
Segundo, porque após reconhecer o problema, a AVMA parte para um exercício de auto-reflexão assumindo as suas responsabilidades e deixando propostas de como o abordar, nomeadamente no que diz respeito ao papel dos médicos veterinários.
Pouco se fala de virtudes quando se fala em ética animal. Frequentemente, a compaixão parece ser vista como a melhor das virtudes (e muitas vezes a única necessária) por ser aquela que nos permite amar os animais e compreender o seus estados emocionais. Mas como nos mostra a AVMA, outras virtudes são importantes para se poder discutir estas matérias: humildade, cooperação, responsabilidade, equanimidade e determinação. O exercício de virtudes permite-nos constituir pontes com aqueles que têm visões diferentes – e por vezes opostas – das nossas. E são essas pontes que nos permitem, num mundo plural e complexo, gerar consensos sobre o modo como os animais devem ser tratados.
Poluição sonora no mar mata cefalópodes?
Há vários registos da ocorrência, em vários pontos do globo, de cefalópodes (como polvos, chocos e lulas) que aparecem mortos no litoral.em grandes números (entre várias dezenas a centenas).
Um trabalho da equipa de investigadores liderada por Michel André, da Universidade Politecnica de Barcelona e publicado recentemente na Frontiers of Ecology and the Environment, sugere uma possível explicação para este fenómeno. Experiências em laboratório mostram que ruidos de baixas frequências com comprimentos de onda semelhantes aos produzidos pela exploração de petróleo, gás e navios, danificam de modo severo e permanente os orgãos de equilíbrio nestes animais, que deixam de se poder mover normalmente, perdendo assim capacidade de caçar e tornando-se também facilmente vítimas de outros predadores.
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| Fonte: New scientist |
A primeira resposta comportamental é a fuga, que rapidamente se converte em imobilização, ficando os animais imóveis no fundo do tanque (chocos) ou a flutuar estaticamente à superfície, sendo de esperar que possa ocorrer um comportamento semelhante no meio ambiente.
Estes dados vêm reforçar a necessidade de regular a produção humana de ruído nos oceanos, uma vez que a poluição sonora – proveniente de navios, extracção de combustíveis fósseis ou exploração eólica – pode afectar de modo significativo os ecossistemas marinhos. É este aspecto que a edição de 16 de Abril da New Scientist destaca no seu editorial, onde consta que Cephalopods may not be as charismatic as whales and dolphins but they are integral to the marine food chain.” Não é por acaso que os cephalopodos são comparados com estes emblematicos mamíferos marinhos. Entre os invertebrados, os cephalopodos mostram uma capacidade cognitiva extraordinária, com um sistema nervoso bem desenvolvido e um comportamento rico e complexo.
Com base nas suas capacidades cognitivas, os cefalopodes foram recentemente incluidos como os primeiros invertebrados na legislação euroeia que protege os animais usados em experimentação. Mas no mar continuam desprotegidos.
World Tapir Day
Animal Ethics – Nova revista academica
Curso comportamento e bem-estar de ruminantes
Voltamos a lembrar do Curso em Comportamento e Bem-estar de Ruminantes a decorrer na Faculdade de Medicina Veterinária em Lisboa.
Organizado por George Stilwell, reúne especialistas nacionais e internacionais na área. Poucos combinam investigação da mais alta qualidade científica com preocupação prática neste campo como Jeff Rushen e Anne-Marie de Passillé. Aprender com eles é uma oportunidade a não perder para quem trabalha com gado de produção.
Dia 13 de Maio na Faculdade de Medicina Veterinária.
Inscrições (20 euros, 5 para estudantes) através de tbaltazar@fmv.utl.pt









