Author: Anna Olsson
Em que século?
Este post tem pouco a ver com animais mas preciso de expressar a minha perplexidade. Desde sexta-feira passada, a caixa de correio do grupo de investigação tem vindo a encher com publicidade de uma empresa de material de laboratório. Endereçado individualmente a cada um dos membros do grupo, num envelope de A4 e enviado pelo correio. Chegou hoje o decimo-quinto despacho. O valor total só de porte até data é de 9 euros e 72 cêntimos. Mais os custos dos envelopes e da impressão das folhas de publicidade. E isto só a contar os custos directos para a empresa – não os custos de gastos de recursos suportados por todos nós ou pelo planeta, como preferirem.
Pode ser que seja retro, pode ser que a melhor maneira de se diferenciar em 2011 é de enviar publicidade em papel. Mas a única mensagem da empresa que me chega a mim é “retrógrado”.
Contemplo a possibilidade de devolver o quilo de papel à empresa. Na realidade, a despachar tudo directamente no papelão perco uma oportunidade de me juntar à empresa no estímulo a economia nacional. Até porque uma vez que ninguém no grupo gasta o tipo de material anunciado não há outra maneira de contribuir.
No entanto, deixo aqui uma sugestão: a próxima vez enviem-nos o dinheiro directamente. Comprometo-me a gasta-lo bem e em produtos nacionais.
Animals in Europe
Eurogroup for Animal Welfare junta o esforço das ONGs de protecção animal ao nível europeu. A mais recente edição da sua newsletter Animals in Europe acabou de sair.
Em destaque está o relatório do European Food Safety Agency (EFSA) sobre transporte de animais e a declaração europeia sobre alternativas à castração cirúrgica de porcos.
animalogantes somos todos
Poucos dias antes do Natal, animalogos completou o seu primeiro ano de existência. Fruto de uma ideia que alimentava há anos, de criar um plataforma lusofona de bem-estar animal e ética animal. Tem sido um ano de crescente actividade, tanto da nossa parte como autores de posts, como da vossa parte como leitores e comentadores. Na realidade, somos todos animalogantes, e os vossos comentários contribuem em grande medida para a qualidade e o interesse deste blogue.
Como podem ver, embora essencialmente portuguêsa, a comunidade de animalogantes é também internacional. Pouco mais sabemos sobre vocês, os leitores, do que isto. Quem são? Sobre o que gostariam de ler? O que procuram neste espaço de debate, o que faz falta?
Mais uma vez lanço o convite de além de ler e comentar, ainda escrever. Temos um espaço aberto para autores convidados – ver a coluna à direita.
Passamos a contar com um autor convidado regular, Professor Peter Sandøe, Danish Centre for Bioethics and Risk Assessment, que abre o ano com uma pergunta que é sempre pertinente: Meat is murder?
Tomten deseja a todos os animais um Bom Natal!
Na minha terra natal, a tradição manda que nesta noite se deixa um prato de risgrynsgröt (uma espécie de arroz doce) na escadaria ou no estábulo, É para Tomten, o guardião da quinta, da propriedade e sobretudo dos animais domésticos. Foi uma parte importante da crença popular até o século 19 e continua central no folclore sobretudo natalício.
Tomten é às vezes retratado como uma criatura de feitio difícil, com tendência para se vingar nos donos da quinta se não for bem tratado. Mas para os animais será sempre o guardião que Astrid Lindgren descreve no The Tomten e The Tomten and the Fox, livros para crianças de todas as idades. Não é por nada que quem os ilustrou foi o artista Harald Wiberg, sobretudo conhecido pelas suas pinturas de animais selvagens na natureza sueca.
A ligação do tomten com o mundo animal parece, de facto, continuar forte ainda nos nossos tempos. Outro livro clássico, sobretudo para quem procura conhecer mais sobre a historia destes seres, é o Gnomes, escrito por Wil Huygen e ilustrado por um outro grande desenhador e pintor de animais, o holandês Rien Poortvliet.
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| Imagem de http://dorpsspot.blogspot.com/2009/07/rien-poortvlietmuseum-heropend-op.html |
E é ainda um tomte que transforma o menino Nils Holgersson num rapaz de tamanho de um duende que depois percorre a Suécia nas costas de um ganso na sua Maravilhosa Viagem em que não só fica a conhecer o país mas também encontra muitos animais, fala com eles e pouco a pouco aprende a respeita-los.
A todos um Bom Natal!
Diferentes culturas, diferentes éticas?
Texto escrito por Bárbara Oliveira, Fátima Sousa, Irina Pereira e Raquel Matos, alunos do curso de Pós-Graduação em Bem-Estar Animal, ISPA
Ao comentarmos esta questão somos levados a pensar que o seu conteúdo está intrinsecamente associado às diferenças culturais dos povos e, como tal, podemos inferir que os valores éticos também podem mudar com as variações culturais. Esta pergunta reveste-se de um conteúdo gigantesco quando pensamos nas várias escolhas alimentares de diferentes civilizações.
Analisemos a situação sobejamente conhecida do uso de cães e gatos na alimentação dos povos asiáticos. Do ponto de vista ocidental, a ideia de comer animais domésticos, como o cão e o gato, com os quais (tradicionalmente) se criaram fortes laços afectivos, origina repulsa e, em muitos casos, indignação, uma vez que não são percepcionados como alimento. Estas espécies, como seres sencientes que são, poderiam ser alvo do mesmo “tratamento” que as espécies pecuárias sem originar grande controvérsia, não fossem as relações emocionais que os entrelaçam com os humanos.
Noutra perspectiva, e colocando de parte qualquer teoria relacional, será muito diferente o consumo de carne canina ou felina do consumo de qualquer outra carne? Até que ponto a moralidade de alguém ou algum povo pode ser posta em causa pelo tipo de carne que consome? Onde se enquadra, por exemplo, o consumo de carne de cavalo nesta escala?
Tal como no Ocidente as pessoas podem ficar chocadas pela maneira como os cães são tratados nas culturas orientais, onde são utilizados como fonte de alimento, levando-nos a pensar que ética e que moralidade terão esses povos, questionamos o que pensarão os habitantes da Índia sobre as civilizações ocidentais, onde os bovinos são tratados sob controlo humano, para depois servirem de alimento, enquanto, que para eles são considerados animais sagrados?
Face a esta reflexão, questionamos – diferentes culturas, diferentes éticas? Não, entendemos que não. A ética, como princípio filosófico, é a mesma. A aplicação prática desta é que difere de cultura para cultura. A moralidade impressa a todos os “actos” com animais é divergente, e isso sim, depende da cultura dos vários povos. Talvez a grande questão se coloque não no tipo de carne consumida, mas as condições em que estes animais são mantidos e abatidos.
Experimentação animal pre-eutanásia: Parte 3
Experimentação animal pre-eutanásia: Parte 2
(ver Parte 1)
Qual é o mal de experimentar num ser-vivo saudável?
Experimentação animal pre-eutanásia: Parte 1
Em termos de sofrimento, parece claro que não vão existir implicações. Experimentar num cadáver, não vai alterar o seu bem-estar, pois, depois da morte, no corpo deixa de existir a capacidade de sentir prazer ou sofrimento, tanto quanto nos é possível inferir.

