The meat that we eat

(M)eat production depends upon a system of protein-components-in and far-less-protein-out. As well as protein that is not absorbed but is excreted, livestock animals need a substantial bone-structure, hoof, horn and all the body parts that we don’t eat. This is where a good deal of the nutritional contents of grains and soy ends up when it is fed to livestock. Some of this can be recycled in various ways but much of it is straightforwardly lost. Feeds also have to sustain animal movement and that involves energy loss of a more straightforwardly unrecovarable sort.

We may then wonder why humans ever farmed animals at all but the answer to this is simple. Some nutrients are difficult to access or to process (such as the acorns that pigs love to eat). But more fundamentally, we lacked any other way to access the nutrients in certain kinds of grasses. Cattle can eat what we find indigestible. (..)

Vaca e vitelos da raça Maronesa na serra; terreno inacessível para cultivo. Imagem de http://autoctones.ruralbit.com/

 The simple model of cattle eating grass and humans then eating cattle is an efficient solution to tap into the available natural resources. But once cattle are fed on grains and pulses instead of grass or difficult-to-access nutrients, that is on foods that humans can without any great difficulty eat (and enjoy and be creative with), meat production becomes grossly inefficient. (…) The only merit of meat produced in this way is that it continues to supply us with complete proteins and relieves us of the daily burden of having a more varied diet. Contemporary meat-eating may not be a dietary formula for gluttony but it is a formula for a certain kind of dietary laziness that has little in common with the meat-eating of our ancestors.

Poluição sonora no mar mata cefalópodes?

Há vários registos da ocorrência, em vários pontos do globo, de cefalópodes (como polvos, chocos e lulas) que aparecem mortos no litoral.em grandes números (entre várias dezenas a centenas).

Um trabalho da equipa de investigadores liderada por Michel André, da Universidade Politecnica de Barcelona e publicado recentemente na Frontiers of Ecology and the Environment, sugere uma possível explicação para este fenómeno. Experiências em laboratório mostram que ruidos de baixas frequências com comprimentos de onda semelhantes aos produzidos pela exploração de petróleo, gás e navios, danificam de modo severo e permanente os orgãos de equilíbrio nestes animais, que deixam de se poder mover normalmente, perdendo assim capacidade de caçar e tornando-se também facilmente vítimas de outros predadores.

Fonte: New scientist

A primeira resposta comportamental é a fuga, que rapidamente se converte em imobilização, ficando os animais imóveis no fundo do tanque (chocos) ou a flutuar estaticamente à superfície, sendo de esperar que possa ocorrer um comportamento semelhante no meio ambiente.

Estes dados vêm reforçar a necessidade de regular a produção humana de ruído nos oceanos, uma vez que a poluição sonora – proveniente de navios, extracção de combustíveis fósseis ou exploração eólica – pode afectar de modo significativo os ecossistemas marinhos. É este aspecto que a edição de 16 de Abril da New Scientist destaca no seu editorial, onde consta que Cephalopods may not be as charismatic as whales and dolphins but they are integral to the marine food chain.”  Não é por acaso que os cephalopodos são comparados com estes emblematicos mamíferos marinhos. Entre os invertebrados, os cephalopodos mostram uma capacidade cognitiva extraordinária, com um sistema nervoso bem desenvolvido e um comportamento rico e complexo.

Com base nas suas capacidades cognitivas, os cefalopodes foram recentemente incluidos como os primeiros invertebrados na legislação euroeia que protege os animais usados em experimentação. Mas no mar continuam desprotegidos.

Curso comportamento e bem-estar de ruminantes

Voltamos a lembrar do Curso em Comportamento e Bem-estar de Ruminantes a decorrer na Faculdade de Medicina Veterinária em Lisboa.

Organizado por George Stilwell, reúne especialistas nacionais e internacionais na área. Poucos combinam investigação da mais alta qualidade científica com preocupação prática neste campo como Jeff Rushen e Anne-Marie de Passillé. Aprender com eles é uma oportunidade a não perder para quem trabalha com gado de produção.

Dia 13 de Maio na Faculdade de Medicina Veterinária.
Inscrições (20 euros, 5 para estudantes) através de tbaltazar@fmv.utl.pt

The Cycle of Life and Death

Fiel às minhas origens, como ovos, arenque e salmão na Páscoa, e a minha intenção para o Animalogos desta Páscoa era um post sobre rotulação de ovos (de galinha). Mas entretanto encontrei este trabalho de uma famosa actriz, filha de mãe sueca, que além de ser a mulher mais bonita do mundo revela agora a sua genialidade na comunicação humorística e artística de biologia. Então ficaremos pelo salmão.

Vida, morte e ressurreição – que tema mais adequado para estes dias?

http://c.brightcove.com/services/viewer/federated_f9?isVid=1

Produzir bem é estar bem… ou não?

A maioria dos cientistas em bem-estar animal diria que a produção não é um parâmetro fidedigno para se aferir o bem-estar. Mas muitos agricultores e engenheiros zootécnicos diriam, por outro lado, que um animal que produz bem é também um animal que está bem. Em geral, é verdade que um animal acometido pela doença não será o mais produtivo mas, para além deste facto, a relação entre produtividade e bem-estar está longe de ser linear. Isto fica claramente ilustrado num interessante e importante estudo que relaciona a saúde podal de vacas leiteiras e a produtividade, publicado na revista Animal Welfare 04/2010.

Uma equipa conjunta da Universidade Austral de Chile e da Warwick University no Reino Unido treinou produtores de gado leiteiro a usar um sistema padronizado de detecção de laminites (inflamações do casco que provocam claudicação) e a identificar a patologia podal por detrás da claudicação. Sempre que uma vaca manca era identificada, ela era tratada para o problema específico. Sete explorações e 1.635 vacas foram incluídas no estudo. No final, correlacionaram-se os dados sobre a saúde podal com os dados sobre a produção de leite de cada vaca.

 
Para todas as causas de claudicação, a produção de leite aumentou no mês após o tratamento. Para algumas das anteriores houve também uma redução significativa na produção durante alguns meses antes do tratamento, como ilustra o diagrama (que pode ser visto em formato maior clicando sobre a figura).

Mas para uma das patologias podais, dupla sola, as vacas que foram diagnosticadas com o problema apresentaram maior produção de leite antes da sintomatologia do que as vacas sem claudicações. E para outra patologia, a dermatite digital, as vacas coxas produziram mais leite – mesmo sofrendo da doença não tratada – do que aquelas que não apresentaram claudicações.
 
O que é que isto nos diz? Em primeiro lugar – e este é provavelmente o achado mais importante do estudo – que vale a pena aos agricultores estar atentos às vacas coxas e tratá-las atempadamente já que, em geral, a produção diminui quando a vaca claudica e volta a aumentar após o tratamento. Em segundo lugar, que seria benéfico tanto para os agricultores como para as vacas se os problemas fossem detectados mais cedo. As vacas foram tratadas logo que o problema foi detectado, mas, como mostra a figura, a produção já vinha diminuindo durante os meses anteriores, sugerindo que os animais poderiam ter problemas podais muito antes de estes serem detectados. Em terceiro lugar, que a relação entre produção e saúde / bem-estar é complexa. Ao nível individual, a produção parece, de facto, reflectir a saúde: à medida que uma vaca desenvolvia patologias nos seus cascos, a produção de leite descia. Mas ao nível colectivo esta relação não é clara. Por um lado, as vacas de alto rendimento parecem estar em maior risco de desenvolver patologias podais (como já havia sido determinado noutros estudos). Por outro lado, vacas com dermatite digital mantiveram-se mais produtivas do que as vacas não coxas mesmo quando a patologia não estava ainda a ser tratada.
Assim, quando o agricultor observa que uma vaca diminui inesperadamente a produção de um mês para o outro, há todas as razões para suspeitar que a sua saúde e bem-estar estão afectados. Mas o facto de uma vaca produzir mais do que a média não pode ser usado como prova de que ela é saudável e de que goza de bem-estar.Listen
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Direito animal

Direito animal , ou “Animal law”, é o ramo de direito que se preocupa com o estatuto legal dos animais e a prática legal em casos envolvendo animais. É praticamente inexistente em Portugal e não tem grande expressão nas faculdades de direito europeias mas está em forte crescimento nos EUA: Tanto que a revista Science dedica um News Focus ao assunto.

As recently as 2000, only a handful of law schools in the United States offered courses in animal law. Now roughly 120 do. These include several of the nation’s premier law schools, including
Harvard, Stanford, and Columbia.

Este movimento nasceu em resposta a actual situação legal nos EUA onde – diferente do que no cenário europeu – poucos animais estão legalmente protegidos.

many [who teach and study animal law] take issue with a legal system that treats animals as property and provides few mechanisms for protecting their interests in court.

O que está a acontecer legalmente tem paralelos com o que conhecemos da Europa no sentido de introdução de regras para o alojamento e tratamento de animais de produção. Neste ambito, alguns estados aproximam-se da legislação da União Europeia.

In 2008, for example, California voters approved a ballot measure that will outlaw cages that restrict the movement of egg-laying hens, calves raised for veal, and pregnant sows

E o estatuto legal dos outros animais não é uma precupação unicamente da Europa e America do Norte.

From Science Magazine 1 April 2011

Mas há caracteristicas particulares do movimento actual que refletam as diferenças politicas e legais entre EUA e Europa. Há noutro lado do Atlantico um maior enfase nos direitos individuais, mesmo quando o individuo é peludo ou tem asas ou barbatanas. David Favre do Michigan State University College of Law defende que os animais devem “have the right to sue”, ter o direito de levar (ou ter alguem a levar) o seu caso a tribunal. E um outro dos juristas notáveis da area, Steven Wise, está a juntar evidências para testar o sistema.

Getting a judge or jury to consider these arguments is the goal of NHRP [Nonhuman Rights Project] Since 2007, Wise has recruited more than 50 volunteers, including lawyers and sociologists, who are working to identify potential plaintiffs and determine which jurisdictions are most likely to be sympathetic to their arguments and which legal strategies are most likely to be effective. He estimates that they’ve spent a cumulative 20,000 hours analyzing dozens of legal and sociological issues in all 50 states.

The first case will likely involve an animal being held in substandard conditions: perhaps a dolphin kept in a small pool at an aquarium or a chimpanzee confi ned to a small cage at a zoo or research facility. NHRP will file a lawsuit in trial court, probably using habeas corpus or another
common law writ, de homine replegiando, used centuries ago in slavery cases.

If the trial court dismisses the case, Wise says he will appeal all the way to the state’s highest court.

Dado que os EUA aplica case law (jurisprudencia, ou seja uma decisão particular de um tribunal pode mudar a maneira como a lei é interpretada em geral), um caso de sucesso do Wise poderá ter consequências vastas. Neste sentido, o movimento parece mais confrontacional do que a visão europeia em que o desenvolviemnto da legislação expande a protecção dos animais sem lhes conferir direitos. A protecção dos animais contra sofrimento parece mais compatível com um uso humano dos outros animais do que a defesa dos direitos dos animais.

Universidade do Porto estabelece link com UFAW

A partir de Março de 2011, alunos e professores da Universidade do Porto podem beneficiar da recentemente estabelecida ligação entre a UP e Universities Federation for Animal Welfare. Esta associação inglêsa tem como objectivo promover a questão de bem-estar animal no ambiente universitário, e recentemente abriu a possibilidade para instituições fora de Reino Unido se associar atraves do UFAW University Links.

Os pontos de contacto na UP são Paulo Vaz-Pires (ICBAS) e Anna Olsson (IBMC). As actividades a ser desenvolvidas no ambito da ligação serão abertas a toda a Universidade e teremos muito gosto em colaborar e discutir opções de actividades de divulgação. Para já, podemos adiantar que este acordo abre pela primeira vez acesso para alunos portugueses a um programa de bolsas especificamente destinados a trabalhos em bem-estar animal. Embora o concurso para 2011 fechou antes do estabelecimento do acordo, esperamos já ver alunos da UP a concorrer em 2012!