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O valor da preocupação ética
Sendo que a preocupação humana com os seres humanos é maior do que a preocupação humana com outros animais, se calhar não é de surpreender que quem se preocupa profissionalmente com seres humanos recebe maior remuneração do que quem se preocupa profissionalmente com outros animais. Mas as recentes decisões sobre remuneração de peritos nos processos de revisão ética de investigação clinica versus a investigação com animais são flagrantes.
Acabou de ser publicado o Despacho n.º 8548-P/2014 que regula a remuneração dos membros da Comissão de Ética para a Investigação Clínica (CEIC). Esta é a única comissão de ética para investigação com seres humanos que opera ao nível nacional. Avalia todos os ensaios clínicos e os estudos com intervenção de dispositivos médicos, enquanto outros estudos que envolvem sujeitos humanos estão sob a responsabilidade de comissões de ética locais. Acabou de ser publicado o despacho que estabelece a remuneração dos membros da CEIC, do qual cito:
Assim, ao abrigo do n.º 4 do artigo 35.º da Lei n.º 21/2014, de 16 de abril, determina -se o seguinte:
1 — Os membros da Comissão de Ética para a Investigação Clínica (CEIC) têm direito, por cada reunião da CEIC ou da comissão executiva,
a senhas de presença nos termos seguintes:
a) Presidente da CEIC — € 180;
b) Vice -presidente da CEIC — € 160;
c) Restantes membros da comissão executiva — € 130.
2 — Os restantes membros da CEIC que não façam parte da comissão executiva têm direito por cada reunião em que participem ao abono de senhas de presença no valor correspondente a € 90.
3 — Das taxas cobradas nos termos do artigo 48.º da Lei n.º 21/2014,de 16 de abril, e para efeitos da emissão do parecer previsto na referida lei, 40 % das quantias cobradas são afetos, a título de remuneração, aos membros e peritos a quem forem distribuídos os processos.
O mais próximo da CEIC para a área de experimentação animal será a Comissão Nacional para a Proteção dos Animais Utilizados para Fins Científicos, estabelecida pelo Decreto-Lei nº 113/2013. Um ano depois da publicação desta lei, a comissão ainda não existe, mas o documento que a estabelece já definiu que aos seus membros “não é devido o pagamento de qualquer prestação, independentemente da respetiva natureza, designadamente a título de remuneração, subsídio ou senha de presença.”
Esta questão não é apenas simbolica, pois existe um real trabalho que tem que ser feito pelos membros das diferentes comissões. Qual a disponibilidade para realizar este trabalho espera-se quando já antes de criar a comissão se declara que o trabalho não vale um tostão?
Técnica revolucionária para estudos de comportamento animal?
Uma das maiores dificuldades para o estudo de comportamento animal é a recolha de dados. Qualquer etólogo tem uma mão-cheia de histórias sobre as dificuldades por que passou. Tanto os livros da Jane Goodall como os documentários de National Geographic relatam bem os desafios que é trabalhar com animais selvagens no meio deles.
Um artigo recente na revista Nature Methods apresenta uma potencial solução para o segundo problema: Como identificar vários animais que vivem na mesma gaiola num vídeo, quando estes animais são quase iguais de tamanho e de coloração e quando qualquer marcação que é colocada na pelagem deles ou é potencialmente tóxica ou é rapidamente removida pelo animal? Como podemos ver no video-clip, um grupo de investigadores espanhois desenvolverem uma abordagem em que o próprio sistema identifica os animais pelas suas caracteristicas individuais, sem a necessidade de marcação.
11º Congresso da Sociedade Portuguesa de Etologia
Falar com o público sobre experimentação animal
Sob o mesmo título, escrevi em Dezembro sobre o dilema que muitos utilizadores de animais de laboratório sentem no que diz respeito a transparência. É o tema de uma discussão que tem envolvido a comunidade de investigadores durante a ultima decada.
Os sinais que a prática de comunicação estão a mudar são vários. No mês passado, mais do que 70 instituições no Reino Unido assinaram a Concordat on Openness on Animal Research in the UK. Com isso, as instituições comprometem-se a ser transparentes sobre porque, como e quando se utiliza animais em experiêncis, e a explicar os benefícios, danos e limitações da investigação.
Hoje, American Association for Laboratory Animal Science (AALAS) anuncia a colocação de um anúncio na versão digital e de papel do jornal USA Today. O anúncio remete para a campanha We Care, em que profissionais que trabalham com animais de laboratório explicam o seu trabalho e a sua motivação.
Maneio de equinos: Questionário internacional
Será mais comum manter cavalos estabulados na Suécia do que na Nova Zelândia? Com o que são alimentados os cavalos em França e na Holanda? Utilizam-se os mesmos equipamentos na Inglaterra como na Austrália? Será mais comum recorrer ao internet para aprender mais entre proprietários de cavalos nos Estados Unidos do que na Espanha?
A Universidade de Sydney e International Society for Equitação Science ( ISES ) procuram responder a estas perguntas e desenvolveram um questionário on-line disponível em sete línguas para dar aos proprietários de cavalos em todo o mundo a oportunidade de contribuir com informações sobre como cuidam de seus cavalos.
Sexo, experiências e ratos! – Parte 1
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| Um murganho fêmea e um murganho macho (Fonte) |
ARRIVE Guidelines em Português
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| Fonte |
Problemas de separação no cão – estudo internacional
A Universidade de Lincoln, Reino Unido e a Universidade de Medicina Veterinária e Farmácia de Kosice, Eslováquia estão a realizar um estudo a nível internacional que visa melhorar a compreensão do comportamento do cão na ausência do proprietário.

O comportamento destrutivo, a vocalização e eliminação inapropriada estão entre as queixas mais comuns dos donos de cães, resultando frequentemente na quebra do vínculo homem-animal, e em alguns casos, até mesmo ao abandono.
Se for dono/a de um cão pode contribuir com a sua informação para este estudo atraves do questionário.
Falar com o público sobre a experimentação animal
À luz de acontecimentos como a recente libertação de cães de laboratório no Brasil e o subsequente debate, torna-se evidente o desconhecimento geral sobre a experimentação animal. Quando a maior parte do público não sabe quase nada sobre o que é um biotério, sobre como se realizam experiências, sobre o propósito dos estudos com animais, sobre o potencial e as limitações de métodos alternativos, é fácil manipular opiniões num sentido ou noutro. E não é num clima de debate aceso que se deva fazer a comunicação que vise preencher lacunas de conhecimento. Um dos argumentos de quem se dedica a comunicar sobre experimentação animal é que os cientistas que usam animais não devem esconder este facto, devem antes pelo contrário comunicar claramente o papel que animais têm na sua investigação. “Para que uma nova molécula passe à categoria de fármaco eficaz e seguro, existe um longo percurso, de pelo menos 10 anos. Altamente dispendioso, em que só uma pequena percentagem das moléculas que parece promissora em laboratório chega ao mercado. Este fracasso resulta numa cada vez menor investimento em moléculas novas e, em especial, no desinteresse no desenvolvimento de novos fármacos para patologias com baixa incidência como é o caso das doenças raras. Antes de passarem aos testes clínicos, as novas moléculas têm que passar diversos testes laboratoriais (ensaios pré-clínicos) para demostrar a sua eficácia e a sua não-toxicidade, quer recorrendo a células animais ou linhas celulares mantidas em condições apropriadas, quer recorrendo, numa fase posterior, a experimentação animal. (…) No entanto, os resultados nestes modelos nem sempre são observados no homem, isto é , compostos que mostraram resultados promissores num modelo animal de determinada patologia podem não ser eficazes no homem. Assim, milhares de moléculas promissoras não passam esta fase. É fundamental qu sejam desenvolvidos ensaios pré-clínicos que encurtaram o tempo de de descoberta e que os resultados obtidos prevejam com maior aproximação possível o que vai ocorrer nos doentes. (…) (A)s experiências com células diferenciadas a partir das células estaminais poderão não substituir outros modelos celulares, já bem validados, nem a experimentação animal, mas juntamente com estas metodologias vão contribuir para que se encontrem novos fármacos de uma forma mais rápida e eficaz.”






