Quem somos?

Anna Olsson

Investigadora principal i3S – Universidade do Porto, nas áreas bem-estar animal, ética animal e os 3Rs (Replacement, Reduction, Refinement) de experimentação animal.  

Ainda como estudante na Universidade Sueca de Ciências Agrícolas me apercebi que devia haver mais na Ciência Animal do que criar vacas que dessem mais leite. Ao concluir o mestrado integrado, em 1994, defini como área profissional a etologia e bem-estar animal, área em que trabalho desde então. Tendo completado o meu doutoramento em Etologia na mesma universidade, em 2001, comecei o meu post-doc indo contra todas as recomendações, num tópico no qual não tinha ainda experiência – comportamento e bem-estar de roedores em laboratório – e num lugar onde ninguém tinha ainda realizado trabalho nessa área.

Isto resultou na criação de um grupo de investigação que lidero desde o seu começo em 2005.

O que salvou a minha sanidade académica ao mudar de tópico, instituição e país foi em grande medida a colaboração que encetei em 2002 com Peter Sandøe, catedrático de bioética da Universidade de Copenhaga. Esta colaboração constituiu a base de uma linha de investigação em ética da experimentação animal e tecnologia, desenvolvida em paralelo com a investigação em comportamento e bem-estar animal. Da ética, tenho vindo a focar mais na questão de estratégias para uma escolha informada de modelos de investigação e um uso responsável de animais na experimentação. Disso resulta em 2018 o projeto REMODEL sobre modelos avançados não-animais e a criação em 2023 do 3R Knowledge Center, do qual sou coordenadora.

Sou membro do editorial board da revista Laboratory Animals e academic editor da PLOS ONE. Sou presidente da Scientific Advisory Board do Swiss 3R Competence Centre e entre 2016 e 2025 a primeira Trustee internacional da UFAW. Sou ainda presidente do Órgão de Bem-Estar e Ética Animal do i3S, bem como coordenadora do nosso internacionalmente creditado Advanced Course in Laboratory Animal Science.



Manuel Magalhães Sant’Ana

Médico Veterinário, Professor Auxiliar da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de Lisboa

Tendo desde cedo manifestado um fascínio confesso por animais não humanos, foi sem surpresa que ingressei na licenciatura de Medicina Veterinária do ICBAS, concluída em 2001. Durante 5 anos dediquei-me por inteiro à Clínica e Cirurgia em Animais de Companhia.

Desse tempo guardo tanto de gratificante realização como de angustiante frustração e por isso decidi mudar de vida. Em2005 iniciei um doutoramento com vista a explorar o ensino da ética para alunos de medicina veterinária e desde então não mais parei de investigar. Fui Newman Fellow in Veterinary Ethics, pela School of Veterinary Medicine, University College Dublin, Irlanda (2014-2015) e Vice-Presidente do Conselho Profissional e Deontológico da Ordem dos Médicos Veterinários (2016-2024). Sou investigador em bem-estar animal, ética animal e em deontologia profissional veterinária no Centro de Investigação Interdisciplinar em Sanidade Animal (CIISA) da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de Lisboa e tenho, nos últimos anos, me dedicado à medicina baseada na evidência.


Nuno Henrique Franco 

Investigador no i3S – Instituto de Investigação e Inovação em Saúde

A minha vida começa em Braga, em 1980, onde cresci entre a liberdade de uma infância analógica e as oportunidades de uma juventude digital, ambas divididas entre o centro da cidade e a ruralidade próxima das suas quintas e quintais, matas e pinhais. 

Sou licenciado em Ensino de Biologia e Geologia, em Biologia (Ramo Animal) e em estudos básicos em ciências veterinárias. Sempre na UTAD. Doutorei-me em Ciências Biomédicas pela U. Porto, para variar.

Faço investigação na área de bem-estar de animais de laboratório, estudando ainda a validade e valor preditivo do seu uso em biomedicina e a educação de investigadores e veterinários em metodologia científica e em ética e bem-estar animal. Nesse âmbito, formei e integrei grupos de trabalho da FELASA para a classificação de severidade de procedimentos e para a educação em delineamento experimental, e co-liderei o projecto EviEdVet, para o ensino da medicina veterinária baseada na evidência. Fui presidente da ETPLAS, vice-presidente da SPCAL e presido hoje à Animal Research Tomorrow Society.

Integro o Órgão Responsável pelo Bem-estar e Ética Animal (ORBEA) do i3S e da FMUP, e fundei a Rede Nacional de ORBEAs, que também coordeno.

Interessam-me a filosofia da ciência, a comunicação e a educação veterinária e em ciência. São-me particularmente apelativas as questões sobre o impactos da actividade humana na vida animal, e a discussão ética sobre as nossas obrigações para com as outras espécies.

As minhas opiniões relativas à interacção humana com outras espécies animais e sobre as nossas obrigações perante estes são analisadas e fundamentadas caso-a-caso, à luz das diferentes correntes éticas, das sensibilidades e valores culturais vigentes e da evidência científica disponível. Isto faz com que frequentemente não seja peremptório ou definitivo, na minha avaliação.  Mudo de opinião ou fortaleço a minha convicção consoante a evidência científica o determine. Peçam-me tudo, menos coerência e ortodoxia doutrinárias. 

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Alexandre de Carvalho Azevedo

Médico Veterinário, Investigador Integrado.

CIVG – Centro de Investigação Vasco da Gama / EUVG – Escola Universitária Vasco da Gama. Coimbra, Portugal.

Nascido em 1979 no hemisfério sul, tive o primeiro contacto com animais num ambiente onde a vida selvagem coexistia naturalmente com a rotina humana. Dessa experiência inicial surgiu a curiosidade sobre a forma como diferentes espécies — incluindo a humana — partilham o mundo. Ao concluir o curso de Medicina Veterinária no ICBAS, tornou-se evidente que a prática clínica, por si só, não respondia a essa inquietação.

O universo dos parques zoológicos marcou o início da minha vida profissional. Acompanhei a evolução destas instituições na transição do milénio, período em que a conservação ganhou um papel central. Acabei por trabalhar no Centro Nacional de Reprodução do Lince-Ibérico (CNRLI) e por realizar um mestrado em biodiversidade e vida selvagem na Universidade de Edimburgo. Nesse percurso, o bem-estar animal deixou de ser apenas um campo de interesse e tornou-se um requisito essencial para o trabalho diário, conduzindo naturalmente ao doutoramento em ciência animal no ICBAS, acolhido pelo Leibniz-Institute for Zoo and Wildlife Research.

Com o tempo, as questões éticas tornaram-se indissociáveis da prática e da investigação. As escolhas quotidianas — na conservação da biodiversidade, na clínica ou na investigação — implicam dilemas constantes sobre limites, obrigações e impactos. No CIVG e na EUVG, encontrei um espaço onde estas dimensões convergem, que me permite ajudar a formar novas gerações de profissionais centrados no bem-estar animal e na conservação, desenvolver investigação e participar nos debates éticos centrais da ciência animal contemporânea.