A internet e a causa animal

A Internet 2.0 – que revolucionou a forma como comunicamos – tem sido muito usada para promover a causa animal. Dois vídeos denunciando maus tratos a animais surgiram nos últimos dias e provocaram uma onda de indignação e contestação à escala global. O primeiro caso é o de uma mulher que colocou um gato no caixote do lixo. O segundo é o de uma jovem filmada a atirar uma ninhada de cachorros para o leito de um rio. Dificilmente poderiamos encontrar uma maior unanimidade nas reacções de condenação a este tipo de atitudes.

Author: Manuel Sant'Ana

Sou Médico Veterinário e Especialista Europeu em Bem-Estar Animal. Sou investigador em ética animal, deontologia profissional e medicina baseada na evidência pelo CIISA-FMV ULisboa e pela Ordem dos Médicos Veterinários.

4 thoughts on “A internet e a causa animal”

  1. Neste caso também é difícil encontrar outra resposta a não ser a condenação. Não havia nenhuma razão para fazer aquilo, aparentemente o gato não era dela, e com grande probabilidade o fim não seria feliz para o gato. Mas se analisamos a reacção publica um pouco além do superficial, acho que há outra coisa por trás. A sociedade em geral e o nosso relacionamento com os outros animais em particular é tão complexo e tão cheio de contradições que é quase um alivio quando encontramos algo que podemos condenar sem mais pensamentos. Eis a reacção tão rápida e tão forte. Isto tornou-se muito evidente para mim no caso do artista nicaraguense que supostamente deixou um cão vadio atado numa galeria de arte durante 3 horas como uma afirmação artística e politica. Não tardou de circular petições e condenações pelo internet fora, apesar da afirmação do galerista de o cão apenas estar atado durante o horário da galeria e de ser alimentado durante o resto do tempo. Sem que ninguém se interrogava se a mensagem do artista não podia ser de facto importante, e o problema dos cães abandonados bem maior do que o eventual moderado incomodo causado ao cão em questão (assumindo que foi de facto tratado como o galerista afirmou).É como se a força da condenação destes casos simples nós limpasse do peso de toda a carne de origem duvidosa que a maior parte de nós temos consumido durante a vida.

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  2. E ainda há quem diga que o homem é o Rei da Criação… O vídeo mostra claramente a estupidez-sadismo dessa mulher.A verdade é que a Terra estaria melhor sem a espécie Homo sapiens. As bactérias estão mais adaptadas à sobrevivência do que essa espécie (what would Darwin say?).

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  3. José,Neste video vemos UMA pessoa a fazer algo que parece completamente descabido e que potencialmente fará muito mal a um animal. Mas houve centenas e centenas de pessoas a protestar, reclamar, expressar a sua disquietação para não dizer raiva, quando souberam disto. Prefiria não julgar a humanidade pelos seus membros menos cuidados…No entanto, e penso que isto que tem em mente, também parece evidente que a nossa especie está a fazer mal à terra e as outras especies em muitas outras maneiras. Intriga-me a maneira com que se levanta a furia de multidões sobre coisas como este filme, ou a historia de artista que menciono no comentário anterior. Não me consigo livrar da ideia que carregamos um grande sentido de culpa pelo mal que fazemos, que alimenta a raiva contra aqueles casos mais limpos, menos cheios de conflito do que a nossa prática de comer carne ou de usar o mundo mais ou menos selvagem a a nossa volta com pouco respeito pelos seus habitantes.

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